terça-feira, 31 de agosto de 2010

A chuva torrencial do meu cérebro

Quase na entrada de uma nova estação. O tempo mudou hoje , passou de um calor abrasador que eu tanto gosto , para uma chuva intensiva , que eu tanto detesto, tendo como plano de fundo o já referido calor abrasador! Esta mudança de temperatura fez-me perscrutar a minha consciência. O tema de conversa incessante tornou-se a chuva torrencial do meu cérebro! "Estás quase a ir para a faculdade" , "Não sofras por antecipação!" , "Mas é claro que entras" , "Ainda assim tens sempre a segunda opção" .Não, não estou quase a ir para a faculdade, porque já me convenci que não entro ! É CLARO QUE SOFRO POR ANTECIPAÇÃO . Pensar que vou passar mais uma ano fechada nesta cidadezinha, com o mesmo controlo , com a mesmas caras e sem os meus amigos FAZ-ME SOFRER POR ANTECIPAÇÃO ! Não , não tenho a segunda opção, nem a segunda nem a terceira, nem a quarta ... Eu não quero mais nada a não ser o que quero mesmo ! Nem que para isso tenha que passar um ano a sofrer ! É tão fácil dar conselhos ! É tão fácil dizer o que se deve e o que não se deve fazer . Chove torrencialmente no meu cérebro !

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Boa Sorte para mim !

Sacrifícios . Sacrifícios toda a gente os faz, nem todos com o mesmo afinco e nem todos com os mesmo " sacrifício " . Mas porque é que a grande maioria não é recompensada ? Porque é que só a negatividade das coisas salta à vista ? Queria viver num mundo perfeito ! Mundo perfeito onde os sacrifícios não custam ! Mundo perfeito onde toda a gente reconhece os feitos quase heróicos dos seus pares . Visão utópica ? Sem duvida ! Mas, deixem-me sonhar ! O sonho hoje é a ultima coisa que me resta ! A esperança , essa que é a última a morrer , começa a tornar-se o espectro de uma vontade tão premente . A vida é demasiado curta para ser posta tantas vezes à prova ! Mas ao mesmo tempo é demasiado importante para provar que a queremos . O amor " incondicional " , esse que dizem resistir a tudo , treme no alto do seu posto . Embora ainda esteja longe de cair . Gostava que tudo se resolvesse . É pedir muito ? Um dia de paz ? Não peço a paz mundial ! Peço a minha paz Seria tão fácil , há tanto ao meu alcance que pode ser mudado . . . Gostava que se calassem as vozes ! Que se levantassem as opiniões ! Que parassem os telefonemas e os gritos ! "Coragem" ? É isso que ouço ? É esse o sábio conselho a reter ? Coragem , só se for para enfrentar , para lutar por uma causa ! Boa Sorte para mim ! Bem preciso dela !

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

São 4.10 da manhã. Sim, são 4.10 da manhã embora este estúpido blog nunca diga as horas certas a que eu " posto " . O cigarro tremulo balança nos meus lábios, passa da mão para a boca enquanto a noite segue o seu rumo. Tenho que fechar a janela, prefiro dormir com o cheiro do tabaco do que com o cheiro dos incêndios. Todos os anos a mesma coisa e ninguém faz nada . Não falo em limparem-se matas ou em nenhuma outra dessas ideias da treta ! Mas sim, em prender quem deve ser preso , em apanhar quem faz com que o fogo deflagre e destrua todas as nossas reservas naturais. . Já não sei o que escrevo, ao som de Belle and Sebastian penso no que poderá acontecer a partir de agora... Não quero pensar , só quero ouvir a musica , só quero fumar o meu cigarro em paz e dormir. Sempre que escrevo no blog e fumo um cigarro a minha mente infantil faz com que pense que sou uma espécie de Carrie Bradshaw ... Se calhar não devia ter contado isto . Se calhar é demasiado piroso :) Lá estou eu a divagar. Começo com incêndios e já vou em Sex and the City ! Isto é meio caminho andado para perder leitores (como se o meu blog fosse o mais frequentado da net ou até mesmo apenas frequentado !). É melhor apagar o cigarro , desligar o computador mas continuar a ouvir musica que agora continua no Fado Falado do João Villaret . x.o.x.o (mais dois leitores acabaram de fechar a pagina)

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Pessimista ? Naaahhh

Só agora dei conta que pareço extremamente pessimista neste blog.
Que fique bem claro, não sou !

Ver se arranjo forças para voltar esta semana

É estranho. É estranho aprender a lidar com tudo de uma só vez. Nunca pensamos na perda e morte . Tomamos tudo como garantido , mas a vida rouba-nos as ilusões em pouco tempo. A agoniante espera nos corredores de um hospital, a cólera visível nos olhares indiscretos . A caminhada seca e abafada até à porta de um quarto, o mortificante silêncio do elevador. Era assim que se vivia a seguir ao almoço no Hospital de Santa Maria. O objecto de visita era a minha tia . . . Sempre considerada excêntrica e exagerada , estava agora deitada numa das muitas camas da ala da neurocirurgia. A cicatriz na nuca evidenciada pelo cabelo rapado mostrava a duvida dos médicos . . . Será cancro, será (na melhor das hipóteses) uma bactéria ? Ninguém sabe dizer, as enfermeiras entram avisam a hora do próximo exame e pedem aos familiares que abandonem o local . . . Com a voz tremula, numa lentidão notória , as palavras arrastam-se e as despedidas com desejos de melhoras são feitas. Na carteira castanha procuro os óculos de Sol, e vejo que é quase um gesto padronizado por todos os que dali saem. O pior está a chegar: "Qual é a saída?" "À direita, para Miraflores.". É tudo dito em poucas palavras, tento mentalizar-me, convencer-me da força que vai ser necessária . Entramos em casa da minha outra tia, já não posso segurar os óculos de sol. Sentada no sofá está em vulto. Vêem-se ossos por baixo de uma pele de cor amarelada. É o quarto dia de quimioterapia e o sofrimento é visível. Fala-se de tudo, tenta-se mudar os assuntos e até rir. Mas o ambiente está pesado. Não consigo desviar o olhar, não consigo falar. Estou colada a um sofá, estou colada a um presente ingrato. Não consegui falar com os meus primos. Não lhes consegui dar o abraço que precisam. Ver se arranjo forças para voltar esta semana. A viagem de regresso foi feita sempre com os óculos postos, com um lenço na mão direita que agarro até estar desfeito. Finjo que durmo, quero dormir a sério; acordar e pensar que tudo não passa de uma ilusão.