quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Tu em Erasmus, eu em Portugal

Passei horas em frente a um computador… Passei horas em frente a um computador para saber o que te dizer! É tão complicado, sim falamos de “porta a porta”. Mas no momento de te dizer tudo aquilo que me apetece de uma só vez falham-me as palavras. Falham-me as palavras para te dizer que vais para Erasmus, para te dizer que vou sentir a tua falta. Para te dizer que és o melhor que alguma vez me aconteceu.
Foi uma amizade programada! Foi uma amizade programada que correu muito bem! Que não foi só por nos terem “obrigado ” a conviver desde que me lembro, que hoje temos o que temos. Não, não foi só por isso! Foi porque realmente somos muito iguais e não há volta a dar a isso.


Agora como escrever todas as nossas semelhanças e diferenças de uma só vez? Se calhar não é preciso porque contra factos não há argumentos! Se calhar, basta reforçar a ideia de que és uma amiga única e que me rio contigo de maneira a que o mundo inteiro ouça! Não me lembro de não te conhecer mas também não me lembro de te esquecer. Embora me lembre de discussões pouco sérias e adultas que acabavam sempre com sorriso reconfortante.


Muitas vezes são-nos atribuídas as asneiras mais horrorosas, mas eu não consigo deixar de pensar nelas como os momentos mais maravilhosos e divertidos (sim, tenho dificuldade em aprender com os erros!). Da mesma maneira que a nossa amizade não foi baseada na superficialidade da forma mas sim na profundidade das vivências, hoje conseguimos não atirar água às pessoas que passam na rua e pisar o risco à mesma! Sim, quase matámos um bebe, mas o que é isso ao pé das gargalhadas que damos cada vez que se conta a história? Sim, partimos um prato do vizinho com uma fatia de pizza, mas também roubamos um sutien e umas cuecas à Sd. Guilhermina em proveito do meu futuro enquanto detective! Crescemos e as asneiras não podem ser assim contadas porque “what happens in vacations stays in vacations”!


Contudo, às vezes as gargalhadas falham, até porque eu e tu somos as nossas maiores críticas. Por isso, fico feliz quando recebo o teu olhar de aprovação, quando me dizes que estou errada quando faço filmes a mais na minha cabeça, ou em conjunto e bem do fundo do nosso orgulho admitimos que estamos erradas!
Tu és a amiga incondicional, que deixa marcas (e não no sentido figurado). As crianças que fomos ficaram a meio da viagem. Deixamo-las lá para podermos ser quem somos, mas cada vez que tenho dúvidas volto ao passado e recebo um retorno sábio.
Este texto está escrito, diria a tua avó, “sem coesão e organização”. Mas não é assim que dizem que nós somos? Duas “calinas” que se entendem e que percebem que quando uma diz que a batata frita parece “o corneto em forma de torta”, se refere ao Vianeta. Que quando uma diz “é óbvio que não, tu conheces-me” o que realmente quer dizer é “é obvio que sim nem sei como alguém tem dúvidas”.


No fundo crescemos juntas e no fim de contas vamos passar mais tempo uma com a outra do que com qualquer pessoa. Temos mais histórias para contar do que alguém que tenha vivido 100 anos (espero que já as saibas traduzir todas para Italiano).
Nestes seis meses que se avizinham, cada vez que entrar numa discoteca vou-me lembrar do nojo que nutres pela espécie masculina que insiste em usar manga cava e havaiana! Cada vez que passar no marco de correio vou-me lembrar de toda gente que eu fingi que conhecia (até que um dia a brincadeira correu mal). Cada vez que for a Salgueirais vou-me lembrar das “sandochas”, e por aí fora… Depois, quando tiver a idade dos nossos pais e achar exagero “falar de porta a porta” ou achar que já “somos demasiado adultas para…” cada vez que for a Roma, já sem ser em low cost e já a achar terrível dormir no chão, vou-me lembrar de…?


A amizade é um caminho difícil de percorrer. Nesta estrada obscura e cheia de muros não é de estranhar a necessidade quase imperiosa que temos uma da outra, o desejo de falar e de estar presente nos momentos mais importantes. Por isso, bem vistas as coisas e lembrando a lógica filosófica; Se a amizade é um caminho difícil de percorrer e se todos os caminhos vão dar a Roma. Então a nossa amizade vai ser difícil em Roma? É difícil percorrer a nossa amizade até chegar a Roma? OK, Filosofia nunca foi o meu forte!

Beijinho e boa viagem,
Amico di perizoma

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