terça-feira, 26 de julho de 2011

A difícil tarefa de educar

Faltas de educação, é tão fácil acusar os outros de as terem. Esquecem-se as pessoas que as piores são elas. Às vezes é tão fácil ser-se educado, ter-se um pormenor, pedir-se desculpa assumir um erro, calar quando se deve calar. O próprio orgulho, pode atingir níveis tais que se torna grosseria, a já falada falta de educação. O pior é quando essa vem de cima, de quem devia educar e ensinar coisas tão simples como o respeito, a delicadeza; no fundo os princípios básicos para a vida em comunidade, em família. Não digo que devamos ser todos amorfos só para não corrermos o risco de ser mal-educados. Mas porquê optar-se pelo extremo? Ensinaram-me em tempos (talvez agora as mesmas pessoas que se exaltam por uma unha encravada, como se do fim do mundo se tratasse) que os extremismos nunca são bons quer de direita, quer de esquerda. Quer em termos religiosos, quer em termos laicos. Por conseguinte, acho que o mesmo princípio deve ser empregue nas coisas mais simples do dia-a-dia. Isto é, tomemos como exemplo a mulher que chega a casa e vê que o marido deixou o prato fora do lugar, numa primeira situação não me choca nem me parece que ofenda qualquer feminista se ela o arrumar. Se a mesmo situação se repetir pela segunda vez, aí sim deve dizer-se qualquer coisa. Mas não me parece um caso de divórcio, um motivo de tal gravidade para se gerar uma onda de insultos e de palavras que depois de ditas não podem ser retiradas. Acima de tudo, há que haver ponderação e respeito em tudo o que fazemos. É a velha história do respeita se queres ser respeitado. Ricardo Reis dizia “Põe quanto és no mínimo que fazes” e é nesse principio que devemos basear a nossa maneira de encarar a vida e as relações. Vamos por toda a educação que temos no mínimo que fazemos, quer seja a comprar fruta, quer seja à procura de emprego.

domingo, 24 de julho de 2011

Segredos

É bom lavar a alma. É bom contar aquele segredo que queremos contar a toda a gente mas que nós próprios não sabemos porque o guardamos. É bom ser sincero. Tudo aconteceu no breve espaço de 1 minuto, uma diarreia verbal que não se pode parar, uma avalanche de palavras que nada congela.E quando damos conta, está dito não se pode voltar atrás. Não se pode dar duas gargalhadas e alegar que era uma simples brincadeira e que na realidade nada daquilo do que se disse deveria ter sido dito. Sabe bem poder partilhar-se momentos importantes com pessoas importantes, sabe bem partilhar segredos que fazem de uma amizade uma coisa tão forte e quase inviolável.

domingo, 10 de julho de 2011

Barulhos repentinos

Tudo acontece a um velocidade estranhamente rapida. Tudo muda num instante. E quando achamos que controlamos tudo, há uma reviravolta estrondosa que nos faz duvidar de tudo em que acreditamos.

Tem sido um ano especialmente difícil, e quando estamos a recarregar energias do último banho de água fria atiram-nos cubos de gelo à cabeça e pedem-nos um sorriso.

Não dá para se dizer muito bem se é revolta, se é indignação, se é injustiça ou o que quer que seja. Só sei dizer que é a realidade que tenho neste momento à minha frente e é a realidade com que tenho que lidar.

Qual é essa realidade? É a realidade de ver menos uma pessoa na minha família, na minha vida no espaço de 1 ano ou até mesmo no espaço de 19 anos. Não quero saber se é justo ou injust, não quero perguntar "porquê a mim?". Porque acho tudo isso ridículo, se as coisas acontecem alguma razão há que a própria razão desconhece.

Sim, perdi um tio que tinha 43 anos e que tinha uma vida pela frente. Uma daquelas mentes brilhantes, que em casa é a pessoa mais simples embora com uns laivos de um certo... pedantismo (?!?). Morreu de causa desconhecida em Londres, onde tudo aconteceu no tempo que se fala no primeiro parágrafo, aquele que que só a luz consegue igualar.

Não soube da notícia pela televisão, mas só a partir do momento em que vi na televisão consegui acreditar no que se estava a passar. Foi tudo tão rápido, tão repentinho que podia jurar que estava a dormir e que ia acordar em breves instantes. Tudo se tornou real com o barulho que não para. O som das teclas que marcam viajens para Londres, o som do telefone que não para de tocar. A repetição do seu nome e de todo o seu brilhantismo em cada noticiário que se abre, em cada manchete que se compra, em cada esquina que se cruza onde há sempre alguém que quer dar mais um abraço, que quer lembra que "rezo por todos". O som que não para, e eu que não consigo calá-lo.

O meu pai e o meu irmão chegam hoje de Londres, eles sim vêm com outra certeza, uma que eu ainda não tenho. Uma que ainda me custa aceitar. Parece que estaos a engolir em seco, a tapar um buraco com ar... Não há autópsia que nos dê uma reposta, mesmo com todas as pressões da presidência da república parece que temos que esperar. Não há um funeral que "encerre" as despedidas. Não chega o silêncio...

Não chega o silêncio e eu não consigo dormir.