segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

2 de janeiro (Parte 1)

O dia começou bem acordo tarde quase que perco o autocarro que me trouxe a Lisboa. Depois de uma luta para não adormecer durante a viagem madrugadora, os meus olhos não resistem, embora o livro de Kissinger apresentasse uma ofensiva bastante eficaz. Já em Lisboa, e carregada de malas, saquinhos e tralhas penso na resolução de Ano Novo de poupar mais e abarbo à ideia de apanhar um Táxi até casa. Claro que o meu passe tinha de ser solidário com os maquinistas do Metro e decide não funcionar. A prontidão dos funcionários espantou-me, mas espantou-me também o seu rigor ao exigirem o talão de carregamento. Onde tinha eu um talão de carregamento de Dezembro? Toca a por tudo no chão a abrir bolsos, e bolsinhos até que o granjeado aparece. O que vale é que os alfacinhas ainda não se lembraram que já "troikaram" de ano e que a tolerância de ponte que o Governo não deu já terminou e que por isso já deviam estar a trabalhar. Resultado, segunda-feira, hora de ponta metro vazio. Os únicos passageiros tinham sacos, muitos sacos com grandes letras que ostentavam marcas e claro a palavra "saldos". Chegada a casa, não há chave. Depois de ter tocado em todas as campainhas, nem a porteira me salva. Sem dinheiro no telemóvel e com a polícia a vedar o acesso à caixa de multibanco mais próxima que deviam ter tentado assaltar; decido fazer uma nova investida. Passados 20 minutos, um divino "abre-te sésamo" do vizinho do terceiro andar permite-me finalmente começar a produzir. Isso pensava eu, desfazer malas por coisas em ordem, a amiga que liga a chorar; o arroz que se tem que comprar para o almoço e nesta brincadeira são 16h ainda não há almoço feito. Faz-se uma coisa muito rápida, pega-se no copo, prato, computador e "ahh maravilhoso sofá que saudades eu já tinha". Brasil? Eu não estava no Brasil, estava em Lisboa. Estava e estou! Deitada a dormir no sofá são horas de jantar não peguei num livro. Toca a levantar fazer greve ao jantar e começar a produzir. (continua)