quarta-feira, 30 de julho de 2014

Futuro meu, futuro meu, haverá algum futuro mais incerto do que o meu?

Não sei se já deram conta das assinaturas que agora aparecem na maioria dos textos dos jornais portugueses. Em vez de um nome de um jornalista aparece: 'Expresso'; 'Publico'; 'Redação TVI' e por aí fora... Que coisa bonita pensam vocês as redações unidas, os jornalistas à volta de uma mesa redonda a escrever acerca do mesmo tema. A sinergia das várias secções de um jornal que trabalham pelo bem comum. Pois, são pensamentos bonitos. É verdade que o são. Mas o problema é que há uma coisa que se chama Comissão da Carteira, outra que se chama Estágios Curriculares e uma terceira que se chama Estagiários. Agora pensam vocês, três que devem trabalhar pelo bem uns dos outros com o objetivo final de formar uma noa geração de jornalistas competentes. Mas também não... A comissão da carteira em 2008 decidiu 'pelo bem dos estagiários', dizem eles que esses teriam deixar de assinar as peças que escrevem sob pena de pagarem uma avultada multa. Que fique bem claro que eu deixo entre aspas a negrito a expressão 'pelo bem dos estagiários'. Não, não é o bem dos estagiários que se almeja. Hoje em dia os projetos de jornalistas, alguns muito melhores dos que andam no meio há anos, não têm direito a muito. Devo mesmo dizer que não têm direito a nada para ser justa e sincera. Os estagiários veem-se obrigados a aceitar condições escandalosas de estágios, muitos a ter que pagar para trabalhar. A maioria fá-lo de um sorriso no rosto, felizes pela oportunidade que têm, prontos a dar o melhor deles, o máximo dos máximos com a vil esperança de que um dia eles próprios possam vir a ter na mão uma carteira profissional. A única coisa que têm em troca durante os três, cinco, seis meses ou um ano de estágio é o portfólio com que ficam. São os textos que escrevem portanto vedar-lhes a assinatura é quase criminoso. Diria mais, é mesmo criminoso uma vez que há uma coisa chamada propriedade intelectual.

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