quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Quando o telefone toca

Os meus planos para a noite eram simples, ler um relatório, jantar, tomar banho e dormir. Mas, como sempre, não se devem fazer planos, num instante tudo muda. Li o relatório e jantei, é no preciso momento em que fecho a máquina da louça para a por a lavar que o meu telefone toca. 'E quando o telefone toca...' Não podia ser. 

A chamada seria mesmo tua? No visor só um número, sem nome. Deixei o teu contacto entre trocas de telemóveis mas lembrava-me dele como se nos números o teu nome estivesse escrito. Serias tu? Agora? Ter-te-ias enganado?? 

Atendi. "Estou, estás em casa?" Eras tu, disso não tinha eu dúvidas. "Estou." Mas o que me quererias? Achei que nunca mais me quisesses ver. "Estou aqui em baixo. Das-me a honra de me acompanhar num café?" Na minha cabeça estavas logo com uma doença terminal, ias sair do país para te juntar ao EI e querias que eu fosse uma noiva da jihad. Porque raio este convite? 

Desci. Não consegui esconder o meu espanto e preocupação. Acho que nem boa noite te disse. "Está tudo bem?" Riste e riste, "calma não vou morrer, nem te vim avisar que tenho uma dst." Uma dst , dessa não me lembrei eu. 

Entrei no carro. "Podes tirar essa cara de espanto ou medo?" Ri-me. Não me querias nada. Passaste aqui, lembraste-te de mim e ligaste-me. " não fazia sentido fingir que não existias" . E ainda bem que não o fizeste. Gostei de estar de contigo. "Faz isto mais vezes." "Por mim fazia todas as noites." 

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