domingo, 30 de novembro de 2014

Terceira é de vez

Não gostei do que ouvi. Já não é a primeira vez que ele o faz, que é maldoso e usa as palavras com intenção de magoar. Comigo só desde o verão é a terceira vez e eu tenho aguentado pela manutenção das boas relações interfamiliares. 

Desta vez foi pior, disse-o nas nossas costas.(E nós somos dois amigos dele) Foi ela que me contou. Não gostei do que ouvi. Não admito que o digam. Contei-te hoje, não gostaste do que ouviste. Disseste que me acalmasse, que não podíamos fazer nada. Ficaste furioso, mas mais preocupado comigo. 

Disseste que não admitirias se ele tentasse ter essa conversa contigo. Mas ele vai te-la com pessoas piores, ouve o que eu te digo... Ainda vamos ter muitos problemas, e principalmente quando ele tentar comentar com o meu irmão ou com o irmão dele... 

Aguentei a terceira vez, mas foi a última. E da próxima não tenho respeito, porque ele também não o teve. (Enquanto estiveres do meu lado, estou bem.)

Dos domingos perfeitos

Acordamos à mesma hora. Estavas com um bocadinho de mau feitio e tinhas fome, eu atrasei-me, mas tu no fundo não te importaste. Saímos paras almoçar, só te apetecia aquilo: "bife na pedra" dizias com um ar de mimo. Não querias atenção de ninguém, não querias que que te cantasse os parabéns. Querias apenas estar comigo e "bife na pedra". 

Almoçámos, cantaram os parabéns na mesa do lado e tu ficaste nervoso quando eu ensaiei as palmas. Saímos para passear, não nos calamos dois segundos. Dei-te os presentes que faltavam. Viemos para casa. Estivemos em silêncio.

Às vezes somos parecidos demais.

Ao cuidado do Sr. Vodafone Mexefest

A pessoa que põe perfume genius numa sala do tamanho da sala Manuel de Oliveira é uma besta quadrada. Claro que tinha lotação completa meia hora antes de começar.

domingo, 23 de novembro de 2014

Despedidas

Não gosto de te ter que dizer "até amanhã". Não gosto de me despedir de ti, o teu beijo na minha testa, a minha chave que saí do bolso... Não gosto de me despedir de ti. Até amanhã que já não sei estar sem ti.

O meu trabalho e outras paixões

Fazer-se o que se gosta. Houve um filósofo (agora não me lembro quem exatamente) que disse um dia: "faz o que gostas e não trabalharás um único dia na tua vida". Não podia ter mais razão, fazer-se o que se gosta é uma benção a que muitos não têm acesso. Eu tenho a sorte de o poder fazer, todos os dias apaixonar-me quando chego ao trabalho, todos os dias entrar de sorriso na cara e sair com o coração a palpitar. Fazer o que se gosta é bom, é maravilhoso e permite-nos alguns luxos que outros consideram uma loucura.

Este fim-de-semana estava num jantar para celebrar um março importante do jornal para onde trabalho, depois de um dia intenso de trabalho onde muita coisa correu mal e onde se sentiu a vantagem de se ter uma equipa a almejar os mesmos objetivos, a ceia decorria bem regada. Trocavam-se piadas embriagadas e decidia-se o lugar onde se continuaria a festa. É no meio de uma noite fria apenas aquecida pelo álcool que nos corria no sangue que se ouve:"o Sócrates foi detido".

Estávamos em direção ao bairro alto, quando soubemos a notícia ironicamente parámos à frente da PGR munidos dos nossos telemóveis e da nossa lista de contactos. Aquele era o momento. O nosso corpo começava a trocar o álcool pela excitação do momento. Há uma equipa que se disponibiliza quase imediatamente para ir para a redação. Eu fui um deles. Como não poderia ser? Foi quase num ímpeto, uma reação pavloviana que me fez querer estar ali. Aquele era o momento. Foi por aquilo que eu trabalhei. Foi para aquilo que eu estudei. Aquilo é a minha vida. 

Fazer o que se gosta é abandonar uma festa para se ir trabalhar e isso tornar-se numa festa ainda maior. 

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Quem sou eu e o que me fizeram?

Não é bem um novo eu. É um eu mais consciente. Ando há três semanas a jurar a pés juntos que nunca me haveriam de ver correr. Ando há um mês a dizer aos meus amigos que são os meus heróis por terem apostado num estilo de vida saudável, que é muito bom e benéfico mas que a mim não me me voltam a apanhar nessa cruzada. 

Pois que já estou dentro da teia... Bastaram duas mãozinhas de especialista nos meus pulsos a dizer que tenho calor nos órgãos e que avc's não sei o quê e ataques cardíacos assado e eu levantei o rabinho do sofá, reduzi o café e os cigarros. 

Não é um eu saudável, de todo. Nunca serei essa pessoa. Lamento, tenho que ter uma doença muito grave para optar por um estilo de vida saudável. Mas dos 7 a 8 cafés diários agora, já há duas semanas, que só há um. Se foi difícil? Preferia um exame de matemática. Entrar às sete e meia da manhã, deitar sempre tarde e viver com um café por dia tem sido horrível, para não exagerar. Melhoras? Sim, insónias quase nem vê-las e apetite finalmente normal, mas é só.

Dos vários (muitos) cigarros diários passei para vários (menos), mas isto só dura há uma semana. Será que aguento muito mais tempo? O que tenho feito é fumar no trabalho (mas como bebo menos café também fumo menos), quando saio se vier para casa ou se tiver com amigos que não fumam, eu também não fumo. Melhorias? Tosse, muita tosse, tosse infernal e mau feitio. 

Alimentação? Não vamos falar disso. Uma pessoa tem que continuar a ser fiel a si mesma em pelo menos em algum ponto. E além disso eu sou beirã e uma beirã gosta do seu vinho dão e da sua vitela à lafões.

E para finalizar... Tum, Tum, Tum... Rufar de tambores... Exercício físico? Ah pois é! Até disso tenho feito. São de louvar a minha assiduidade e pontualidade, sem desculpas, sem escapadelas só com rigor. Já a intensidade é melhor conversarmos daqui a uns tempos. Eu passo a explicar por quê: na segunda-feira fui correr. SOZINHA, de noite, com frio e depois de um dia de trabalho. O primeiro km? Uma vergonha. Nunca estive tão fora de forma na minha vida. Ouvi o senhor da Nike gritar-me ao ouvido que tinha feito um quilômetro já eu tinha corrido oito minutos e tal. Depois em vez de isso me servir de incentivo teve o efeito inverso. Conclusão: uma "corrida" de 16 minutos 1,3 miles. MAS isto não significou que eu tivesse parado e já é quarta-feira. Não tenho corrido porque o tempo não o permite - seria a desculpa perfeita - mas todos os dias faço exercício. Ora salto à corda, ora faço abdominais, ora faço agachamentos. 

Enfim, não percam os próximos capítulos porque nós também não.

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Jogo de forças #2

O nosso jogo de forças continua. Umas vezes ganho eu, outras ganhas tu. Não é assim mesmo uma relação entre duas pessoas? Basta ter FairPlay e as coisas correm pelo melhor. Mas é isso que me falta a maioria das vezes, tenho sempre um mau perder e ao mesmo tempo uma consciência que me faz sentir culpada pelas vezes em que justamente ganho. Sou um animal estranho, eu sei.

Dar o braço a torcer é coisa que não faço com facilidade. Já o parti uma vez quando era criança e as dores não foram agradáveis. Estaria tudo certo mantivesse eu sempre este espírito forte e inabalável. Mas e a culpa? Talvez seja genética... 

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Coisas que deixam de ser possíveis quando crescemos

Por/ter o sono em dia. É uma luta inglória, ele ganha sempre.

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Jogo de forças

Não digo nada se tu não disseres. 

E podemos ficar assim eternamente.

sábado, 1 de novembro de 2014

Quando os génios falam por nós

Porque neste momento me é difícil arranjar palavras. Deixo que um dos génios fale por mim:

Diz o meu nome
pronuncia-o
como se as sílabas te queimassem 
os lábios
sopra-o com a suavidade
de uma confidência
para que o escuro apeteça
para que se desatem os teus cabelos
para que aconteça

Porque eu cresço para ti
sou eu dentro de ti
que bebe a última gota
e te conduzo a um lugar
sem tempo nem contorno

Porque apenas para os teus olhos
sou gesto e cor
e dentro de ti
me recolho ferido
exausto dos combates
em que a mim próprio me venci

Porque a minha mão infatigável
procura o interior e o avesso
da aparência
porque o tempo em que vivo
morre de ser ontem
e é urgente inventar
outra maneira de navegar
outro rumo outro pulsar
para dar esperança aos portos
que aguardam pensativos

No húmido centro da noite
diz o meu nome
como se eu te fosse estranho
como se fosse intruso
para que eu mesmo me desconheça
e me sobressalte
quando suavemente
pronunciares o meu nome

in Raiz de Orvalho, Mia Couto