domingo, 28 de dezembro de 2014

Para ler em 2021

Olá,

Se estás a ler isto já fizeste 30 anos. Escrevo-te em 2014, quase no final, um ano que foi do caraças. Mesmo com os problemas graves, que tive, durante o ano encontrei sempre a solução e consegui ver sempre que tinha gente do meu lado, a por-se na linha da frente para sofrer comigo.

Este ano acaba em standby, uma conversa complicada para ter que ainda não tive coragem, e dois problemas para resolver que ainda vão dar algumas dores de cabeça. Espero que te estejas a ler isto e rir-te enquanto pensas em como tudo se resolveu rapidamente.

Tenho 22 anos, a caminho dos 23, e tenho a minha vida na flor da idade, cheia de planos e sonhos com meta e data limite. Os 30 são a data. Na altura em que me leio já só me deve faltar casar e ter filhos, e para isso ainda mais 3 a 5 anos. 

Espero que já tenhas sido enviada a um conflito e que tenhas feito a diferença com o papel e a caneta. Espero que já tenhas um contrato, que continues a depositar toda a tua energia no trabalho que fazes e que ele te continue a dar tanto prazer como me da a mim neste momento. 

Mas acima de tudo espero que sejas feliz. Que tenhas mantido os teus amigos, que não tenhas esquecido a tua família, (que tenhas finalmente perdido o medo de ir ver o que se passa com os teus rins). De preferência que já não fumes, que continues a saber apreciar um bom copo de vinho e uma boa refeição. Que rir seja a coisa que mais gostas de fazer. 

Que saibas viver na simplicidade, que te lembres todos os dias do que o teu pai e a tua mãe te ensinaram. Que nunca te tenhas vergado ao poder, à pressão e que te mantenhas com coluna vertebral. Podes não ter nada, dinheiro no banco, casa em teu nome mas que nunca tenhas perdido a tua coluna vertebral. 

Beijinhos 

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Família versus família

Hoje foi um dia como os outros. Acordei (atrasada) , tomei um banho com água normal, sai de casa com escuro do costume e cheguei ao jornal com a tradicional gota de suor a escorrer-me na testa. Hoje foi um dia como outro qualquer, mas não devia ter sido.

Hoje é véspera de Natal e eu passei o dia sem sentir o cheiro a filhos, sem ouvir a minha mãe dizer uma única vez "vejam a lareira" . O meu pai nem sequer me pediu para ir com ele comprar qualquer coisa "muito urgente" para fazer uma mini-obra em casa no dia de Natal.

Hoje è a primeira véspera de Natal que passo, ainda que parcialmente, em Lisboa. E por isso não ouvi as minhas tias a dizerem enquanto pomos os presentes na árvore "vocês são loucos. Nos já não temos idade para presentes." 

Eu que detesto o tradicional almoço de véspera de Natal, senti falta hoje, enquanto comia uma seca e empapada sandes de panado, do arroz de polvo e do polvo frito. Mas principalmente da banda sonora que o costuma acompanhar, risos, discussões, eu e os meus irmãos a implicar.

Estou agora num autocarro cheio a caminho de casa e preciso que me injetem Natal nas veias porque estou com um défice de festividades que se pode tornar fatal durante a consoada. No autocarro cheio vi um amigo, amigo que além de amigo é colega, que estava também a sair mais cedo do trabalho. Que também não foi a friends party e que também não irá à festa de ano novo. 

Este será sempre o meu futuro, a minha vida. Uma profissão queime vai obrigando cad vez mais a não estar presente. Um sítio onde a "família do trabalho" ganha uma nova importância, quase como impondo a ideia de que se começa a sobrepor à família de raiz. Não quero escolher uma em detrimento da outra, por isso até lá vou continuar a tentar ser omnipresente, a fazer quilômetros e a dar o meu melhor às duas.

Feliz natal a todos desse lado

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Modéstia

Sempre que vejo nobres exercícios de modéstia nas outras pessoas sinto sempre que é uma qualidade que me falta. Gosto de partilhar os meus feitos, fico orgulhosa dos meus sucessos e tenho todo o prazer em contar aquilo que acredito ter feito bom. Tenho sempre uma necessidade de reconhecimento superior, como se entendesse que só o aval de terceiros valoriza realmente aquilo que fui capaz de fazer com distinção.

Embora sendo assim,  não tenho um exagero de vaidade, não sou vítima de uma narcisismo fulminante mas ainda assim acredito que há alguma modéstia que me impede de superar alguns desafios que só a mim dizem respeito. 

A modéstia é também uma prova de confiança no nosso eu interior. Uma capacidade de se saber a valer a nós mesmos e uma evidência de irredutibilidade de caráter. Conheço uma pessoa assim, que é o exemplo extremado de modéstia, confiança e caráter. A minha irmã I, um gênio que, como todos os génios que o são, não admite que o é. Uma capacidade de trabalho ímpar e um perfeccionismo pelo que produz que a mais ninguém conheço.

Prêmios, distinções e galardões trata-os por tu. Não sabe o que é estar numa escola sem o seu nome encabeçar o quadro de honra, não sabe o que é trabalhar sem ser elogiada. No fundo, desconhece a ideia de não ser a melhor. Nunca a ouvi, ouvimos alias porque duvido que alguém já tenha ouvido, dizer que é a melhor, que ganhou um prémio ou que foi distinguida. 

Dar-lhe os parabéns pelo seu sucesso assemelha-se a uma tortura, partilhar os seus sucessos é espetar-lhe agulhas nos olhos. Sinceramente. Pede que não se conte ou não conta. Desvaloriza. Sinceramente. Sem falsas modéstias. Para ela haverá sempre alguém melhor que ela, nunca estará no topo da pirâmide. 

E, por isso, não podendo partilhar com ninguém - fui veementemente proibida - o mais recente prêmio internacional que ganhou, conto-o aqui. Porque é um orgulho diário saber que tenho em mim aquele sangue. Saber que partilho o dia-a-dia com um génio vivo. Parabéns mana, para ti é só mais um no meio de tantos outros que já vieram e de muitos mais que estão para vir. 

domingo, 14 de dezembro de 2014

Afinal terceira não é de vez

Acho que já estou calma o suficiente para escrever sobre o assunto. Ele voltou ao ataque, mais uma vez falou sobre a minha vida com pessoas que não devia. Mais uma vez falou da vida dos meus com pessoas que não devia. Mais uma vez voltou a causar uma discussão entre mim e uma das pessoas que mais gosto. 

Não falei com ele, não merece tanto. Mas foi falar com os meus pais. Já viram a lata? Tentar virar os meus pais contra mim... Claro, que eles ainda sem falar comigo perceberam que era mais uma intriga orquestrada por ele. Ligaram-me, disseram-me que tivesse calma e que o confrontasse. Que lhe dissesse que era a ultima vez. Que não lhe desse mais confiança. Mas não é tão fácil assim, é por eles que não o faço. Por eles, pelos irmão dele. Já começo a ficar farta. 


sábado, 13 de dezembro de 2014

No quente da noite

Tínhamos planos diferentes. Íamos jantar fora, depois íamos jantar com os meus amigos, depois já íamos jantar os dois em minha casa, depois já vinham os meus amigos jantar. Bem, a confusão de sempre, sempre criada por mim que só sei viver no meio da confusão e com muita gente de quem gosto à volta. Acabamos por jantar só os dois enquanto esperávamos que os meus amigos chegassem para um copo tardio. 

Jantamos e conversamos. Acho que nunca tínhamos contado tanto um ao outro. Aliás, acho que eu nunca tinha contado tanto a ninguém. Íamos olhando para o relógio a perguntar por eles. Não vieram... Sentamos-nos um ao lado do outro. Quisemos ver um filme, mas não conseguimos. Era qual mesmo? 

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Gosto de ti miúdo. Já aqui tinha falado sobre ti, como "o amigo que só conhecia há um mês". Agora já te conheço há mais tempo e cada vez tenho mais certezas que és um amigo com um A maiúsculo do tamanho dos outros meus A's todos. 

As conversas contigo conseguem passar rapidamente da gargalhada para a discussão da atualidade. És intrinsecamente bom, educado e és o namorado de uma amiga de quem gosto. Aí de vocês que me acabem! Estão a ouvir??? É que vai ser uma situação lixada de gerir, tu já és tão meu amigo -talvez até mais -quanto ela. E eu gosto tanto de vocês os dois. 

Bem vou continuar a trabalhar, que ontem bebemos demais mas os meus chefes não... 

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Querido Pai Natal,


Portei-me muito bem este ano. Põe-me no sapatinho:

Sócrates voltaste?

Não, não saiu da prisão. Reapareceu das chamas como fênix renascida no congresso do PS este fim-de-semana. É o secretário geral que era o seu número dói, é o líder da bancada parlamentar que fazia parte da sua trupe, é o Galamba que era o seu menino bonito... E podia continuar aqui até amanhã. 

Não me peçam para não associar o Costa ao Sócrates, porque eles fazem um esforço para nao ser indissociáveis.

Eu até ia votar nele nas legislativas, mas quanto mais sei mais longe fica a minha cruz. É o problema da informação em democracia, e é o meu problema preferido