quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Momento Fútil do dia #3

Consigo aguentar sem arranjar as sobrancelhas até ir fazer o laser ou é melhor marcar antes?

Porque escrever 5 artigos e acabar uma tese não é o mais importante do meu dia

Welcome to my livre

Há dias em que há uma vontade compulsiva de escrever, de escrever qualquer coisa o que quer que seja. Normalmente nesses dias não temos vontade de escrever nada do que é suposto escrever 

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Não me quero despedir com medo de uma metralhadora

Não consigo escrever sobre outra coisa. O assunto não cansa, é o assunto. Paris, Paris, paris. Quantas vezes tivermos de repetir, quantas vezes tivermos de encher a bouça de Paris, de gritar Paris, de rezar por Paris. Não é demais, nunca é demais. Demasiado é o que temos aguentado sem retaliação. Na sexta estava numa exposição em Belém, eu e dois amigos. Fui. Ligaram-me, sai de casa e fui. Não liguei aos meus pais a dizer onde ia, como nunca faço. É descer Lisboa, antes da uma estaria em casa. Quantos não terão feito isto na sexta feira em Paris? Sair de casa para um concerto, para jantar sem ligar aos pais, aos irmãos, aos avós, aos tios e amigos. Sem antes lhes ligar a dizer que os amamos, que não os queremos perder por nada, que não nos queremos separar nunca. Hoje tomei o pequeno almoço com o meu pai, depois vi-o a ir, a andar descontraído. Enquanto eu tentava acalmar o pensamento: é esta a última vez que o vejo? A minha mãe ligou-me ontem,d desligou o telefone com pressa porque tinha outra chamada. Ligou-me a seguir só para se despedir. Não quero passar a viver com medo da despedida, não quero.

Levaram-nos tudo

Quis o destino que três dias depois dos violentos ataques em Paris se celebrasse a tolerância. Celebrar é um exagero, é algo que vamos ter que reaprender a fazer. Mas vamos fazê-lo, ninguém nos tira essa força, nenhum terrorista vai conseguir impedir que celebremos a vida. Vida, conceito que nenhum facínora conhece: respiram, movem-se mas estão mortos. Estão mortos de tal forma, com cérebros em putrefação, que querem matar tudo e todos os que encontram. Tudo. Sim, os radicais não matam só pessoas, matam coisas. Matam aos poucos o prazer da liberdade, esta sexta feira mataram o prazer de sair com um amigo, de dizer até já aqueles que gostamos, inundaram o prazer de viver com medo. Não queremos ter medo, não podemos ter medo. É assim que eles vencem. Temos medo de ter medo, de mostrar medo, de lhes mostrar que estão a conseguir, que aos poucos estão a contaminar o dia-a-dia. Não me morreu ninguém em França, mas eu morri muito. Morreu uma parte de mim que acredita estar segura neste lado da Europa, morreu a certeza de que em Portugal estou segura, a certeza de quando tudo falhar pelo menos vou ter as sextas à noite para esquecer. Que pelo menos não morra a minha tolerância, que a partir de agora não passe a olhar para um árabe como quem olha para uma fila de crimonosos numa esquadra da polícia. 

sábado, 14 de novembro de 2015

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Deixo-te em casa miuda

Começou há uns dias com a possibilidade de te ver, depois continuou com o gosto que puseste na minha partilha. E hoje atingiu-me como um meteoro quando disseste "deixo-te em casa". E deixaste, e conversamos e a cada palavra que dizias eu sonhava com outras. 

Já estou em casa e tu continuaste para a tua, antes disseste "vamos combinando coisas miuda" e eu disse um "claro que sim" entusiasmado. Mal sabes tu a vontade que eu tenho de combinar coisas contigo, de te ver, de te mostrar que não sou a amuada, ensonada e mal disposta que tu te habituaste a conhecer.

Agora em minha casa deambulam fantasias de que tu um dia também poderás estar aqui. Mas não, estás na tua casa e provavelmente já nem te lembras que a festa que me deste nas costas me fez tremer. 

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Não é o cheiro a tílias molhadas, é o cheiro a outono

Detesto o outono. É o início das chuvas e eu detesto chuva, do vento que eu não aguento, curiosamente só o frio não me incomoda. No outono só gosto do primeiro dia, do cheiro do primeiro dia. Desde que me mudei para Lisboa nunca mais tinha sentido esse cheiro a outono, que não é o cheiro a terra molhada, nem o cheiro as castanhas assadas na rua. 

O cheiro a outono só o sinto em Viseu, só o sentia no primeiro dia de outono. Às vezes podia ser ainda verão, mas ao fim do dia a ir da escola para casa eu sabia que brevemente ia guardar as sabrinas no armário. Pela primeira vez senti este cheiro fora de Viseu, pela primeira vez senti o cheiro duas vezes. 

Passei o mês de setembro é o início de outubro a trabalhar ao fim de semana, não havia saídas com os amigos e saía de casa de manhã e a cidade estava vazia, silenciosa com o peso das ressacas fossem elas do trabalho semanal ou das saídas do fim da semana. No último domingo de trabalho, especial por ser dia de eleições, ao chegar ao jornal senti o cheiro a outono. 

Com gripe e enjoada esqueci-me dos sintomas, o nariz desentupiu-se como por magia e cheirei o outono que estava para chegar, cheirei Viseu, cheirei os meus pais que já não via há um mês, os meus avós, as minhas tias e a minha infância. Percebi, na realidade não percebi apenas confirmei pela centésima vez, que aquele sítio é o sítio onde eu tenho de estar, é a minha segunda casa.


terça-feira, 29 de setembro de 2015

Dois anos depois os mails são só meus

Sabes uma coisa? Não te consigo esquecer. Imagino que te estejas a rir, a pensar em mim a quebrar o meu coração de pedra e logo por ti. Agora que olho para trás, mais crescida e com a vantagem do tempo que passou percebo que podíamos ter sido felizes, que ainda o podíamos ser. 

Lembras-te de te ter contado que quando a minha família ia fazer ski eu ficava com os meus avós? Que os meus pais achavam que era pequenina demais para apreciar aquela viagem e grande o suficiente para ficar feliz por ter uma semana só de mimo. Contaste-me a seguir que não te lembravas da primeira vez que foste a NY exatamente por seres pequeno, que foi a vez que a tua mãe menos aproveitou a viagem. É assim que me sinto agora talvez fosse pequena demais para apreciar a viagem que fizemos juntos. Os três meses mais alucinantes da minha vida. 

Disse-te que não podíamos continuar, que me andava a enganar a mim e a ti. Quando te encontrei mais tarde voltei a enganar-te sorria quando tudo o que queria era uma abraço teu. Daqueles que só tu me sabias dar. Estás aí agora do outro lado do Mar e eu só quero um abraço teu. És única certeza que posso ter, é que um abraço teu ia resolver tantos dos meus problemas.

Há dois anos estávamos a cruzar-nos pela primeira vez, começavam os nossos três loucos meses. Lembrei me disso hoje, eu que nunca me lembro de datas, acordei com a certeza que era uma data especial. Abri o computador para te enviar este Mail. Já esteve maior, apaguei dois parágrafos, achei que não merecias que te obrigasse a lê-los. Tu que foste para aí para mudar de vida, que estás tão feliz, que tens a vida a dar-te o que mereceres, não precisas de mim a dizer o que não devo.

Acabei por não te enviar o Mail, foi respeito por ti e falta de coragem. Foi o adensar do sentimento de culpa que tenho, culpa por te ter dito que não ias entrar em 2014 comigo ao lado, culpa por não te ter pedido para ficares em Portugal pelo menos até 2016. Meu amor, chamo-te assim agora com a certeza de que o és, desculpa. Hoje faríamos 2 anos se eu não tivesse sido demasiado nova

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

High on life

Sobe-se a encosta, às vezes de lado para passar um carro, para escapar das chamas do churrasco ou para escondermos as pernas despidas de um muçulmano. A meio do caminho começamos a arfar, os pulmões vão acusando os cigarros, as pernas a falta de exercício, a cabeça vai vazia. Por ruas e ruelas pelo choque das culturas, pela mistura do tradicional com o moderno, pela confusão entre o antigo e o abandonado com o novo e o recuperado. 

Quando estamos quase a suplicar a uma força superior para nos levar viramos à direita e chega-se. Chega-se lá. Là em baixo a cidade que ficou para trás cheia de história, de confusão mas também com o trabalho e os problemas. Cá em cima só a paz. É só paz que se sente.

10 metros chega-se lá. Lá, o sítio onde a minha vida entra em pausa, onde respiro de pulmões livres e coração limpo de problemas. É lá, com pouca gente, gente que não faz perguntas e que não quer saber. É lá que há a minha vista preferida da cidade, lá é o sítio onde vou ressuscitar quando estou a morrer, é lá que a vista me enche a alma. 

Lá em cima, fico high, high on life. É das coisas mais pirosas que disse, mas das mais verdadeiras também.

Verdades absolutas


quinta-feira, 23 de julho de 2015

O cancro de Laura, Judite de Sousa e a falta de consciência do grupo Cofina

Desde crianças que somos educados sob um mote que nos ajuda a tomar as decisões mais complicadas. Mães, pais e avós iam-nos ensinando o livre arbítrio com a simples expressão "se não gostas que te façam a ti, não faças aos outros". Fomos assim aprendendo a crescer, a viver e a sobreviver em sociedade. Depois crescemos e ao crescermos aprendemos que o livre arbítrio é lixado,  e que as circunstâncias vão mudando.

Por defeito profissional essa frase continua a liderar os meus dias. Uma profissão que  torna  muito ténue a linha entre informação e voyerismo, e onde diariamente me debato com a necessidade de partilhar com alguém histórias que não me pertencem e perceber se devo ao não contá-las. Costumo perguntar, como que em exame de consciência, "e se fossem os meus pais ou os meus irmãos?" Consigo assim ir acalmando a minha consciência e dormir à noite. Tenho o orgulho de poder dizer que já disse "não" a muitas histórias - como quando me pediram para fazer a listagens de atletas que tinham assumido a sua homossexualidade - mas também tenho que admitir que já disse "sim" mesmo quando a minha consciência me dizia o contrário - como quando liguei para o Manuel Serrão no momento em que o seu pai tinha entrado em coma após um atropelamento. "E se fosse o meu pai?" Se fosse não iria querer que alguém que não me conhecia me ligasse, para saber notícias que apenas queriam vender jornais ou ter mais visualizações. Mas foi neste momento que me apercebi que há circunstâncias diferentes e atenuantes, o Manuel Serrão e o pai são figuras públicas, e aqui saliento o facto de o pai dele também o ser, de haver um claro interesse da população em saber notícias fosse por sincero interesse ou apenas por voyerismo.

Com esta breve explicação, que se alongou mais que o pretendido, este é um grito à consciência - se é que a têm - dos diretores de um dos mais poderosos grupos de comunicação portugueses, o grupo Cofina. Que ao longo dos anos nos foi habituando a um tipo de jornalismo, a que não se devia chamar jornalismo, mas que tem provado ser a fórmula mais poderosa para fazer dinheiro. Ao grupo Cofina venho apelar, enquanto colega, leitora e cidadã que pare. Já chega. Já chega da campanha negra, do aproveitamento da vida privada de uma mãe, de uma colega, de uma mulher que perdeu o filho. Se os diretores mandam é dever do jornalista - na verdadeira acepção da palavra - dizer não, é essa a independência que nos permite ser respeitados.

Depois das capas que venderam com o cancro de Laura Ferreira - quando mais nenhum grupo o fez - depois das teorias da conspiração acerca da promiscuidade entre o cancro de Laura e da campanha do Primeiro Ministro, chegam as imparaveis imagens do André Sousa Bessa, dos problemas da Judite e da vida privada a que só a ela diz respeito. Faço minhas as suas palavras o André "não era uma figura pública". Parem! Basta! E deixo-vos a pergunta "e se fosse o vosso filho? E se fosse a vossa mãe?" São totalmente desprovidos de emoções ou conseguem ter relações familiares que vos façam por no lugar daqueles sobre quem escrevem? O papel de um jornalista é também fazer escolhas, a liberdade de expressão é também a liberdade de consciência e o poder de se tomar a atitude certa. Os caminhos fáceis nunca levaram a lado nenhum e devo lembrar que aqueles que não têm coluna vertebral estão presos a uma cama, não têm liberdade.

domingo, 28 de junho de 2015

Impulsos

Não consigo dormir. Voltas na cama, podcasts, tedx Portugal, nada resulta. Estou ansiosa, pode ser do exagero nas bebidas na noite de sábado, pode ser da tese que tem que ser entregue, pode ser por tanta coisa e no fundo não é por nada disto. Nem eu sabia porque era, acabei de descobrir. Como por impulso escrevi o seu nome no YouTube e fui ver uma das muitas homenagens que lhe quando morreu aos 43 anos.

Lembrei-me de si, vi a sucessão de fotografias e fiquei mais calma. Ouvi os elogios e comecei a sentir o sono a chegar. Foi por esta altura, pouco depois dos seus anos, que estão a chegar, foi por esta altura. A sua morte é ainda hoje das coisas mais mal resolvidas na minha vida. Eu que gostava tanto de ti. Eu que desde pequena tinha tanto orgulho nos mails que mandava, do trabalho, sem perceber que trabalho era essa.

Eu que brinquei com a barbie que me deu até perder o cabelo, a cabeça, até passar a ser um bocado de plástico. Eu que durante os dias me cruzo com pessoas e penso que felizes teriam elas ficado se se tivessem cruzado consigo. Esta empresa que ias ter tanto prazer a ajudar a tornar grande, este problema que não ia cruzar os braços até estar resolvido. E eu? E nós que nos dávamos tão bem. É hoje que é véspera de segunda e eu não consigo dormir porque penso em si. Na falta que me faz. Quero saber se ias estar orgulhoso de mim, se ias falar com os meus chefes sobre mim. Se as coisas teriam sido diferentes se há 7 anos não tivéssemos acordado com a notícia. 
 
Não nos despedimos no fim da refeição, mas desta vez partiste logo.

sexta-feira, 19 de junho de 2015

Irritações #3

Pessoas que publicam fotografias de pulseiras de hospital nas redes sociais. Primeiro pelo ato em si, depois porque há sempre um idiota que cai no engodo dos viciados em atenção e pergunta "o que aconteceu?". E que normalmente lê a resposta "foi só um susto. Estou pronta para outra."
 Se não dizes o que aconteceu, porquê a fotografia? 

domingo, 31 de maio de 2015

Insónias #3

Verão 2015 estou a caminho #5

Até está a correr bem, mas é melhor fazer isto de forma consciente. Que é como quem diz afinal verão de 2016 estou a caminho.


Isto é tudo mais ao menos verdade, vá 50% verdade. Ok, do que a menina da imagem disse eu também ando rabugenta.

Oh pra mim versão Bobone dos transportes públicos #4

Minha senhora sou toda pelo women power, sou toda pela emancipação da mulher. Talvez por não ter filhos não compreendo muito essa discussão do "amamentar em público ou não". - Na minha modesta opinião é sempre melhor manter as maminhas tapadas, seja para alimentar uma criança, seja para apanhar um bocadinho de sol na caparica. - Mas longe de mim olhar de lado ou condenar uma mulher que o escolha fazer. 

Agora por favor não o faça no 767 da carris. Pprimeiro porque não é muito higiénico, confie em mim que há coisas que vi lá que já não consigo apagar da memória. Segundo, PORQUE A "CRIANÇA" A QUEM DAVA DE MAMAR JÁ TINHA PARA AÍ TRÊS ANOS. 

Conselho desta jovem que está longe (espera-se) da maternidade, se o seu rebento já tem idade para dizer que tem fome se calhar devia considerar em vez de tirar as mamas do sutien, tirar umas bolachas da mochila. 

Agradecida.

É uma revolução? Não, são só os primos N juntos


Adoro rituais, fazem-nos sentir com os pés bem assentes na terra, através deles conseguimos dar uma ordem à nossa vida, aproximar-nos dos que gostamos sem sequer nos apercebermos disso. Adoro rituais com amigos, com a família, com os colegas de trabalho. O café e o cigarro com o colega todas as manhãs, o jantar de sábado com os amigos, mas como já disse várias vezes adoro a minha família e os rituais que fomos criando ao longo dos anos. 

Houve uns que herdamos dos bisavós, outros foram incutidos pelos avós e ainda há aqueles que roubamos aos pais. Mas os melhores deles todos, são aqueles que, nós, os primos fomos criando à medida que fomos crescendo. Nesses insere-se o jantar mensal de primos e, por exemplo, o churrasco de abertura do verão.

Foi aquele segundo que aconteceu hoje, mais uma vez não conseguimos estar todos presentes, mais uma vez fizeram falta os que não vieram e por isso não largamos o telemóvel para lhes mandar fotografias de maneira a //fazer-lhes inveja// fazê-los sentirem-se no meio de nós. 

Não sei como são as relações das outras famílias, sempre me custou perceber como há famílias que se dão mal. Mas nunca percebi aqueles primos que estão juntos no Natal e pouco mais, que nem sabem quando um se casa, ou quando o outro vai ser pai. Na minha família não há disso, nós os primos somos só uma espécie de irmãos cujos pais escolherem separar de casas porque a algazarra era demasiada. Nós também nos zangamos, também dizemos coisas uns aos outros que não devemos, mas não me lembro de termos ficado chateados mais do que 24horas. 

(Mesmo que haja no meio de nós um outro que ache estar chateado, todos sabemos que na realidade não está, que na realidade só está a fugir a uma conversa e a ter uma luta de galos com ele próprio - mas isto é uma conversa para outra altura.)

Hoje foi mais um churrasco de primos, hoje foi mais um dia em dissemos "olha eu gosto muito de ti mas se contínuas a fazer sinto-me obrigada a espetar-te com uma cadeira na cara." Porque nós somos assim, uma honestidade crua, uns ao pé dos outros ficamos sem camadas. Somos nós, nus das personalidades que a vida nos foi obrigando a vestir. Crescemos juntos, sabemos como somos em situações limite, aliás em todo o tipo de situações. 

Hoje, como sempre, houve espaço para tudo, gargalhadas, aquilo a que hoje se chama bullying, confissões e trocas de conselhos, muitos conselhos. Pedimos ajuda uns aos outros para tanta coisa, que já não sabemos confiar desta forma em mais ninguém.

O texto começa a dizer que não somos primos, somos melhores amigos. Mas eu não acho que possa ser isso, acho que somos mesmo primos. Ligo muito às palavras e aos sentimentos e memórias que imprimo em cada uma delas. Para mim ser-se primo é único, não tem tradução. É como a "saudade" para os estrangeiros, até podemos explicar mas só um português é que sabe o que é verdadeiramente. 

sexta-feira, 15 de maio de 2015

terça-feira, 12 de maio de 2015

Insónias no coma

São horas, isso consigo eu ver. É a única coisa que consigo ver, uma vida movida por um relógio, não por compromissos não pela vida, por um relógio. Por dois ponteiros que indicam que não posso dormir mais, embora continue a fazê-lo, embora o esteja a fazer há 4 meses tenho que convencer -quem não sei- de que não o estou a fazer. Era de manhã e o despertador tocou, e eu tive que me levantar. Levantei-me porque o relógio assim mandou, a sensação era de que tinha acabado de me deitar. Parecia que apenas cinco minutos tinham passado desde que tinha visto as horas, "meia-noite", o relógio mandava-me ir para a cama. Dormir, ou pelo menos deixar de fingir que estava acordada. À uma as imagens da televisão já se confundiam com o sonho, às três fingia que dormia quando estava acordada, às quatro tentar trocar as voltas ao sono: pés para a cabeça, cabeça para os pés. Já não tenho certezas de nada, quando finjo que durmo mandam-me acordar. Acordada estou a dormir. Habituei-me a viver numa apatia, a fingir que não sou eu, a fingir que sou. Durmo acordada, já não sei sonhar a dormir. 

sábado, 11 de abril de 2015

"Tem sido horrível desde que te foste embora"

O bem que me soube ouvir isto ontem. Não que eu goste de ver um amigo a ter um mau bocado, mas é bom perceber que éramos apreciados, que sentem a nossa falta é que fizemos a diferença na vida de alguém. 

Foi tão bom ontem ter estado com todos, ter sido abraçada, acarinhada, ouvir insistentemente "saudades". Foi tão bom vê-los a todos, sentir me parte deles outra vez, e ver que eles nunca deixaram de me sentir. 

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Até que o prozac nos separe

A minha família é católica, não sei se por isso, se por outro motivo qualquer, ou se por apenas gostarmos muito uns dos outros as festividades como Natal, Páscoa, Dia de Todos os Santos significam kilometros de viagem para nos encontrarmos, para estarmos juntos, enfim para celebrarmos. Mas além de católica a minha família é louca, não, não estou a exagerar. Temos os que são diagnosticados e temos os outros, grupo no qual me incluo sem qualquer tipo de problema.

Levamos muito a sério o provérbio "de médico e de louco todos temos um pouco", o que confesso qu dá algum jeito. Primeiro porque somos da Beira e com o frio é sempre bom ter alguém com uma aspirina ou benuron no bolso do casaco. Depois porque só sendo louco conseguimos sobreviver a estas reuniões familiares. Estão vocês a pensar "a minha família também não bate muito bem". Mas posso assegurar-vos que a minha é pior, até já pensei pedir a um notário que ateste o que digo, sempre podia ter alguma vantagem, nem que fosse apenas compaixão.

Imaginem as vossas famílias loucas, louquinhas vá, mas com uma dimensão considerável e a falar muito alto. A falar alto porque o avô e as tias já estão surdas, a falar alto porque nunca soubemos falar de outra forma. Imaginem depois isto multiplicado por muita gente, que ri muito mas que discute na mesma proporção. Imaginem que no meio destes há segredos entre o A e B, mas o C que sabia já contou ao D. O D que até tinha um segredo com o E, um dia bebeu demais e contou ao F o segredo do A e do B e agora já toda a gente sabe, mas o abecedário inteiro finge não saber. Depois imaginem que há membros nesta família que são snobes, deliciosamente snobes, e que acham que por terem apelidos ou o que quer que seja são mais que quem quer que seja. E imaginem que são exatamente esses snobes a abrir a porta de casa e dar tudo quanto podem dar a quem precisa. 

Imaginem, imaginem o que quiserem porque tudo o que imaginarem será metade darealidade desta família. Desta família de loucos, da melhor família, dos mais loucos, dos meus loucos, da minha família.


segunda-feira, 30 de março de 2015

Era só isto.

Oh pra mim versão Bobone dos transportes públicos #3

Cara senhora, se entrar no autocarro de mal com a vida, a culpa não é dos restantes passageiros.
Cara senhora, se entrar no autocarro a culpa não é dos automobilistas. E não, não estão de carro porque "são uns ricos mimados que não sabem o que custa a vida.
Cara senhora, se entrar no autocarro de mal com a vida evite praguejar é que há crianças e outros adultos que não têm que ser sujeitos ao chorrilho de asneiras que insiste em gritar.
Cara senhora, a culpa de estar mal com a vida não é "da juventude". Não, nem todos somos "uns preguiçosos" e não fique irritada por não sabermos o "que é passar fome".
Cara senhora, se entrar no autocarro de mal com a vida controle-se. Eu hoje também o fiz, e não a mandei para um sítio feio.

Verão 2015 estou a caminho #4

Homens que têm pânico do momento em que as mulheres pegam nas pinças e caminham com elas em riste na vossa direção sintam-se vingados. Há pinças que fazem as mulheres tremer de medo, que nos fazem atirar para o chão e arrancar cabelos. A sério, não é exagero, fui hoje vítima delas, desse flagelo e ainda não recuperei bem do choque. Vi o PT do ginásio, que nem Eduardo Mãos-de-Tesoura na minha direção com aquelas pinças malditas para me medir a massa gorda.

Ele foi nos braços, foi nas pernas, foi em todas as pregas do meu corpo, não houve uma única banha que não tivesse sido medida. Primeiro pegou nelas, depois apontou os valores e no final mostra o total de forma cruel, sem qualquer sentido de humanidade por mim e pelas minhas banhas que custaram a criar. Ainda foram alguns anos a criá-las e afeiçoei-me a elas, mesmo agora que uma pessoa acha que já está melhor, que já perdeu alguns quilos, as pinças são o choque de realidade com que nenhuma mulher se quer deparar. Depois de ver o número, ali nu, tão acima dos valores normais passamos logo a detestar as nossas banhinha que viveram momentos tão importantes da nossa vida connosco. 

Enfim, um sádico. E ainda pior que o Eduardo, esse cortava-nos logo o mal pela raiz (piada fácil) e sempre é o johny dep o que faz com que uma mulher diga "oh senhor Eduardo esventre-me se quiser, tudo o que o senhor quiser". Mas não, ali é só o PT-mãos-de-pinça que no final de nos fazer sofrer ainda diz que vamos ter que sofrer muito até nos vermos livres das nossas companheiras de vida.


sexta-feira, 27 de março de 2015

A Avenida da Liberdade encheu-se de mimos

Já alguma vez vos disse o quanto gosto de jantares de amigos? Do ritual da mesa posta, bem posta, os pormenores todos pensados. Um a um vão chegando, sentando-se em torno da mesa partilhando histórias. Já alguma vez disse como gosto de jantares de amigos? Os risos, o barulho dos talheres, os avisos, as conversas telepáticas mesmo no meio da multidão. 

As conversas que se vão sobrepondo, os temas que vão surgindo e alternando entre o mais fútil e o mais atual. Já alguma vez vos disse como gosto de jantares de amigos? No final às vezes levantamo-nos da mesa, uns para fumar outros para esticar as pernas. Ontem levantamo-nos todos para jogar mímica e só nos voltamos a sentar às 6:00 da manhã para dormir.


Antidepressivos #2

Espelho meu, espelho meu

"Estou preocupada contigo. Andas a falar muito dele outra vez. Estão juntos? Estás a pensar estar com ele? O que é se passa? Quando andas assim a contar histórias, a lembrar-te do passado, a usá-lo como exemplo nunca é bom sinal."

Foi assim que uma amiga minha começou a intervenção esta semana. As respostas às perguntas dela foram todas negativas e seguidas de um "estás parva? Eu aprendi a lição". Mas depois, depois há as perguntas que ela não fez, e que eu evito fazer a mim própria. Não as faço porque não sei a resposta, ou então porque sei e não a quero assumir. 

quinta-feira, 26 de março de 2015

Verão 2015 estou a caminho #3

Então? Achavam que já tinha desistido? Que me tinha enfiado num qualquer restaurante lisboeta para de lá nunca mais sair? Pois estão enganadinhos da Silva, tem corrido bem com uma dieta regrada e exercício físico regular.

Podem rir-se, sim podem rir-se. "Dieta regrada e exercício físico regular" são coisas que sempre achei apenas próprias de marcianos ou de pessoas pouco felizes. Mas eu tenho conseguido. Vá, com alguma batota é claro. Os fins de semana são o armagedão, ele é vinho, ele é batatas, ele é fritos, queijos e patés. Mas é então? É o que me dá força para contínuar a semana. 

O exercício físico, embora regular, também tem sido um bocado aldrabado algumas corridas que mais se podem chamar caminhadas. Mas não interessa, o que custa é começar e sair de casa e eu não me chamo AM se até ao final do ano não estiver a correr que nem Rosa Mota coxa. 

Isto anda de tal ordem que acabei de gastar 30€ no Celeiro. Se estou louca? Sim estou, claramente que estou. Mas isto da idade é uma coisa muito chata, e se há uns anos com o que ando a fazer já teria perdido uns 10 kg em pleno 2015 só lá vão, muito custosos 4kg. O ataque teve portanto que ser mais eficaz. 


Carvão que dizem que elimina as gorduras dos alimentos assim de forma muito rápida.
Centelha asiática, pelos vistos nada é melhor para combater a celulite. Se bem que eu acho que para a quantidade de celulite que eu tenho, mais valia uma plantação dessa coisinha do outro continente.
CLA porque ajuda a emagrecer de forma mais rápida e ainda tem um papel ativo na transformação da gordura em massa muscular.
Aloé Vera é mesmo só para as alergias, que eu já nao abro os olhos nem sei o que é respirar e a primavera ainda nem chegou em grande força.

Se isto tudo faz efetivamente alguma coisa? Não sei, mas estamos em guerra e portanto não há soldados na reserva. 

domingo, 22 de março de 2015

Enfant terrible

Há qualquer coisa de adolescente em mim. Às vezes sinto que sou a mesma menina que sai de casa a querer fazer uma tatuagem, rastas e a furar o corpo em sítios vários. Não que gostasse assim tanto, mas melhor que tudo:os meus pais odiavam. Às vezes sinto que tenho que continuar a fazê-lo, sair de casa com a ideia de tomar uma decisão apenas porque os pais não gostam. 

Fui uma aluna media, arranjei estágios, nunca me desviei do caminho. Mas quero ser rebelde, dona de mim e intransigente. Quero ter uma fama, mas não lhe tenho o proveito... Ser dissidente, reacionária, acreditar no contrário e professar a teoria do falhar. Mas não, estou aqui sentada a escrever uma tese que provavelmente vou entregar dentro dos prazos e na qual vou ter boa nota.

Como é possível ser rebelde desta forma? Da mesma forma que o foi romeo e Julieta, da mesma forma que o foi Hamlet para a mãe Gertrude. Tudo com menos amor e paixão, mas as minhas escolhas masculinas são sempre aquelas que os meus pais mais odiariam. E às vezes é como as rastas "eu nem gostava assim tanto delas". Ao contrário das rastas que exibi em sinal de despeito aos meus pais, os rapazes escondo-os dentro da algibeira com um sorriso e uma sensação de dever cumprido que só a mim me permito. 

Twinkle twinkle little star

E se as estrelas que estão no céu forem mesmo aqueles que partiram a olhar por nós? A caminho de Lisboa o céu está estrelado como há muito não está, sem poluição visual, sem exagero de luzes consigo contá-las: uma, duas, e aquela que brilha tanto, quatro. Conto-as enquanto vou distraída nos meus pensamentos, olho para elas quase como sem dar conta. Uma, e aquele emprego que não aparece, duas, tenho que escrever um capítulo da tese até ao final do mês, três, amanhã não me posso esquecer de passar na farmácia, quatro e aquele dia em que conheci o meu primo. Porque me lembrei agora dele? Neste momento,no banco de trás de uma carro, num fim de domingo a caminho de Lisboa. Cinco e os meus avós e falta que me fazem. Mas eu só queria contar estrelas, ia a contá-las: uma, duas três. E derrapante começo a contar pessoas, porquê? Brilham tanto neste momento, brilham tanto e fitam-me o olhar. É aquela ali tão brilhante que me faz esquecer os problemas, e a outra ao lado dela que me desafia. 

E se as estrelas forem aqueles que me morreram? Gosto de pensar que sim, que estão ali os meus avós, os meus tios, o meu primo. Todos. Ali a verem-me, a iluminarem-me o caminho. Ali, perto de mim. Basta abrir os olhos e vejo-os, parece que se esticar o braço lhes posso tocar. Mas não o vou fazer, vou deixar o braço a emoldurar-me o corpo, quero manter esta doce ilusão, se o esticar vejo que não chego lá, se esticar voltam a ser só estrelas. Ali, longe a muitos anos luz, coladas numa galáxia. Mas não, não são, são os meus. Ali, ali tao perto, tão perto que se esticasse o braço sentia-me capaz de lhes tocar. Uma, duas, e aquela que brilha tanto, três...

sábado, 7 de março de 2015

Os meus 22 de Público que faz 25

O Público fez 25 anos esta semana, o diário que faz parte da minha vida há 22. É muito graças a ele que hoje sou assim, não digo que é graças a ele que tenho esta profissão. É mais do que isso, porque ser-se jornalista é mais do que se ter uma profissão. É Ser-se jornalista a todas as horas do dia, sempre e o Público contribuiu para que hoje eu leia, veja e consuma notícias a toda a hora, para que ande na rua de olhos abertos a ver tudo como uma possível história.

Leio o Público antes de ter aprendido a ler, antes de saber que com 23 letras se pode mudar a vida de alguém é saber histórias do resto do mundo. Quando era o meu pai a preparar-me para me deixar no infantário passávamos sempre antes no Infante para o meu pai tomar café. Comprava-me um pastel de nata que eu comia com a colher com que ele mexia o café, depois punha o Público em cima da mesa. Via-lhe a capa, via o meu pai a mudar as páginas cheias de palvras, de imagens e esperava o momento em que ia aparecer o Calvin&Hobbes. Hoje o Calvin está no Correio da Manhã, hoje eu já sei o que querem dizer as palavras e já as escrevo. 

De vez em quando perguntava o que queria dizer aquele título, ou que se via naquela imagem, na altura ainda a preto e branco. O meu pai lia alto, explicava-me o que queriam dizer as coisas e porque se falava nelas naquele momento. Era o despertar da minha consciência social, da minha consciência jornalística ali no Infante, com o meu pai e com o Público. 

Na altura era o Zé Manel Fernandes que ditava a organização daquele jornal, hoje o Zé Manel Fernandes está no Observador e eu estou á escrever uma tese sobre o jornalismo. O Público tem 25 anos, eu tenho 22 sou do tempo do Público em papel preto e branco, sou do tempo das longas páginas de ciência, da economia escrita pela Christiana Martins, que hoje está no Expresso. E hoje vejo a maior parte das vezes o Público no tablet ou no computador. Continuo a comprar o papel para lhe sentir o cheiro que se confunde com o cheiro do meu café, afasto as migalhas do meu pastel de nata, que já como sem colher. Fecho-o, ponho-o debaixo do braço e vou escrever esperando ser tão boa como aqueles que ali leio há 22 anos.

segunda-feira, 2 de março de 2015

Obrigada Google

As coisa que eu descubro na internet três anos depois (é o que dá ter tempo livre). Este blog que lêm neste momento ficou em décimo segundo nas votações do Aventar. Lembram-se? Apareci lá inscrita, sem saber quem me inscreveu. Olhem aqui: 


Sim, a categoria é Atualidade politica. Sim, este blog já falou de atualidade e de política. Sim, este blog está a tornar-se fútil e uma seca. Desculpem. Prometo voltar ao Passos, ao Portas e ao Costa. 

Mas afinal quem são esses sádicos que te fazem viver

São sádicos, são-no tanto quanto eu sou. São sádicos, são os meus sádicos. Entraram na minha vida  há cinco anos e fizemos juras de amor eterno. Ainda não nos cansamos uns dos outros, partilhamos costelas.

Ninguém pediu a ninguém, ninguém disse como ia ser, mas aqueles dois miúdos são como eu. São irmãos perdidos que encontrei e o sangue é mais espesso que a água. Somos iguais, até nas diferenças somos iguais. 

Éramos muitos no início,mas eles os dois sempre foram mais sádicos. Hoje estamos juntos em momentos mais ou menos sádicos do dia, da hora e do minuto. Porque nem podia ser de outra forma, eles têm estado sempre lá eu quero estar sempre lá para eles.

Na faculdade fazem-se amigos para a vida? Não, na vida fazem-se amigos na faculdade. Depois há aqueles que se tornam a nossa vida. 


Momento fútil do dia #2

Ponho as extensões de pestanas neste ou no próximo mês?

 É este tipo de duvidas que assolam a mulher moderna, enquanto pensa se faz já as notas de rodapé ou se espera pelo final para o fazer.

Oh p'ra eles tan lindos a fazer pandan

Verão 2015 estou a caminho #2

Nunca me custou começar uma dieta, os primeiros dias eram sempre os mais fáceis cheia de motivação e ilusões. Mas nessa altura as preocupações não me faziam atacar o frigorífico, os nervos não se acalmavam com açúcar e o stress não precisava de fritos e salgados. 

Hoje comecei a dieta. Hoje parecia um drogado sem cocaína.

Pequeno almoço e almoço : tudo ok. Ainda tinha no corpo resquícios da dose do dia anterior. 

Lanche: os nervos, os suores frios e os tremores. Vai um rafaello, uma tosta de queijo e um belo copo de Ice Tea é uma laranja para, de novo, atingir o Nirvana.

Jantar: vá lá, também não sou uma fraca. Voltámos ao peixinho cozido e aos grelos salteados. 

Amanhã será um melhor dia. Para no verão os dias serem todos bons.

MP eu juro que vou conseguir 🙏

Voltar à estaca zero

Falta a posição para se estar no sofá, na cozinha não se pode arrumar mais nada, em caso de desespero chega a desarrumar-se só para se ter qualquer coisa para fazer. Roupa passada, cama feita se calhar ainda se faz um bolo antes do jantar. O jornal às11h já está lido, pode ser que esteja a dar um bom filme na televisão. Há um amigo que liga sempre se ocupa um bocado de tempo. E o raio do sofá que já deixou de ser confortável outra vez. Sai-se de casa para tomar café, mesmo sozinha o tempo sempre passa, lê-se mais um livro e volta -se para o sofá. Uma boa altura para se rever o CV, mas o que faltará? Uma almofada no sofá, sem dúvida uma almofada no sofá.

domingo, 1 de março de 2015

Pensamento da semana




Viagem parada

Viseu consome-me a inspiração, enche-me a alma, mas deixa-me vazia. Sem nada para dizer,como se a imensidão da paisagem não precisasse de adjetivos, as caras conhecidas me bastassem para ser feliz. Porque a escrita é isso mesmo, uma muleta que me ajuda a ser feliz.

Mas hoje, hoje a cidade não me basta, preciso da minha muleta porque me tiraram o andarilho. Deitei-me cedo sem saber bem porquê, e amanhã vou acordar sem saber para fazer o quê. E estes gestos vazios vão repetir-se até ao final da semana. Depois irá começar uma nova com promessas de mudança e assim sucessivamente. 

Vou acordar e deitar-me porque tem de ser. Até ao dia em que vou ter o andarilho de volta que me vai permitir andar de olhos fechados, de sorriso no rosto e sem medo de cair. São só semanas más, dias maus,horas más até ao minuto em que tudo vai mudar. 

Goodbyes are a Bitch

É sempre horrível dizermos adeus a uma parte da nossa vida, principalmente às coisas que gostamos, que nos fazem felizes. Já me tinha acontecido, já lhe conhecia a dor. Chegou o dia que andava a adiar, e foi como tortura chinesa, se é que os chineses são assim tão bons a torturar, eu acho que já está na altura de melhorarmos a expressão. Sim, é isso, custou tanto como ser torturada pelo Estado Islâmico. 


Já tinha pensado no momento em casa, ia dizer um "adeus até à próxima" recorrer a frases feitas, combinar jantares e acabava ali o sofrimento. Em menos de 10 minutos estava feito. Mas depois chegaram os colegas, que já são amigos. Depois estava sol e fomos fazer um almoço de meninas. Depois chegou uma coisa que me deu muito prazer escrever e foi logo para o top.

E depois o momento, as lágrimas a quererem sair-nos dos olhos, os abraços apertados e os conselhos para o futuro. E o meu plano de 10minutos a ir por água a baixo. 


Fui me embora a correr para não chorar ali. Fui-me embora a correr e a chorar até chegar a casa. Depois? Depois passou. Tenho muito a agradecer, muito a recordar e a certeza que não é um adeus, é um até já.





segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Começam os encontros

Mais um encontro, mais uma viagem as crianças não pagam mas também não entram (pelomenos se tudo correr bem).

Começam os encontros, os cafés, os jantares, os almoços, os lanches e as idas ao cinema e ao teatro. Mulher solteira sofre.


Verão 2015 estou a caminho

Março será o mes em que vou perder peso drasticamente, abril o mês em que vou voltar ao ginásio.

Sim MP o teu bullying deu resultado, isso e o facto de não ter calças que me sirvam.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Fevereiro 2015

Pior mês da sempre. A todos os níveis, só quero acordar e achar que está a ser um pesadelo. Quando me levanto de um chega outra e prega-me uma rasteira.

Parece que tenho um elefante sentado no meu peito, que não me deixa respirar. Quando é que este dia, quando é que este mês acabam? 


segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

A saga continua

Pior que o meu dia dos namorados foi ter passado o dia de hoje a ouvir o dia dia dos namorados das minhas colegas

domingo, 15 de fevereiro de 2015

Inspira. Expira. Respira e não pira

Ponto prévio:


Foi o que fiz ontem à noite. Sim, na noite do dia dos namorados, passei a noite a inspirar e expirar de maneira intensa, frequente, ritmada para não gritar. Não, não foi uma noite de sexo. Fui f@d&d#, mas não foi bom.

O dia dos namorados sempre me foi indiferente, aliás indiferente não é a palavra. Sem o detestei, sempre me irritou. Por ser um dia comercial, por ser um dia de falsidade e por representar tudo o que eu mais detesto nas relações: as demonstrações públicas de afeto, a obrigatoriedade de amar, o perpetuar de um jogo de submissões. Mas adiante, este ano o dia dos namorados não me era indiferente, irritava-me, mas irritava-me por motivos diferentes. Ando uma sentimentalista do pioro, e este ano o dia "bateu forte cá dentro."

A única solução era: sair com os amigos. Jantar regado a vinho e de seguida uma noite no cais do sodré para exorcizar demónios. Tudo parecia perfeito. Fomos-nos juntando a conta-gotas, primeiro dois, depois três para jantar até ao grupo ficar completo. Foi quando chegamos ao cais que esperávamos o D. , que a minha voz falhou. 

Distraído, a olhar em volta, não nos encontrava. Chamei-o, eis se não quando ele se vira, e vem acompanhado. Quase imediatamente bebo a minha cerveja de uma golada só, quando paro para respirar já a I., tinha a dela em riste, apontada a mim de forma a poder dar-lhe o mesmo fim. 

Juntaram-se, apresentou-a, cumprimentamos e trocamos sorrisos falsos. A minha noite foi passada a vê-los, a andar agarradinhos, a trocar olhares, a serem aquilo que nós éramos há um mês. Porquê? Sim, porquê? Obviamente que quero que tenhas alguém, obviamente que sabia que isto acontecer. Mas porquê naquela noite? porquê um dia depois de te ter feito uma massagem, de tu teres posto a morena a tocar?

Foi desconfortável, foi horrível. Só te pedia um heads up, só te pedia respeito porque acho que o mereço, acho que merecemos aliás.


quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Quando os génios falam por nós #2

Depois de tudo, fica a lembrança dos lugares e
dos seus nomes; dos quartos virados a poente
onde as imagens do rio nunca se repetem nas janelas
e todos os enredos são consentidos obre as camas.

Ao fundo, havia um armário de madeira com espelho
onde as nossas roupas trocavam de perfume
para que os dias se vestissem sempre melhor.
E, sobre a cómoda, num espelho mais antigo,
a tarde reflectia algumas das alegrias da infância.

Não era o quarto de nenhum de nós,
mas a ele regressávamos sempre com a pressa
de quem anseia os cheiros quentes e antigos
da casa conhecida; como quem espera ser aguardado.

Pressenti, porém, que não era eu quem aguardavas:
uma noite, pedi-te mais um cobertor em vez de um abraço.

Maria Rosário Pedreira 

Irritações #3

Trabalhar ao pé de alguém que descasca tangerinas com as mãos, em cima de secretaria. 

Fica tu impestado com este cheiro nojento. Argh

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Farta de viver num país de homofobicos

Só isto. Sem acrescentar mais nada ao título. Não preciso de dizer mais nada. A homofobia mete-me nojo, não a percebo. E não consigo ficar indiferente perante ela. 

Não, não vou pedir desculpa ao senhor do metro a quem pedi que se calasse. Foi isso mesmo, sentou-se ao meu lado com a mulher a dizer barbaridades. Eu em vez de lhe bater com o mala na cabeça - era a vontade que tinha - apenas lhe disse:

"Desculpe estar a incomodar, não fui capaz de não ouvir o que diziam. Vou-lhe pedir que não o repita até ao final da viagem, a não ser que queira discutir o tema. Sabe o senhor tem direito a dizer o que quiser, menos insultar. E o que está a fazer é punível por lei." 

Foi mais ao menos assim, esperei ser insultada. Não fui. O casal olhou para mim com um ar reprovador, levantou-se e saiu na estação seguinte.

Fi-lo por mim, mas principalmente pelo rapaz - criança ainda - que ia sentado à minha frente. Ouvia a conversa à medida que o punho se ia fechando,depois já os olhos tentavam fugir e o pé não parava de bater a um ritmo frenético no chão. Sorriu para mim, e quando saiu disse um engasgado obrigado. 

Não precisavas de me ter agradecido.

Antidepressivo #1

Mas depois não há mau feitio que resista a isto 

Cai chuva em nova Iorque, chove nos meus países

Há dias de chuva, há dias de chuva no pico do verão e há dias de chuva no inverno. Às vezes chove enquanto o sol brilha lá fora, mas os piores dias de chuva serão sempre aqueles em que chove em todo o lado, nos dois mundos.

Hoje não choveu num deles, ontem choveu nos dois. Já perdi a conta à chuva, apenas sei que quando fecho os olhos está sempre a chover. É uma constante vontade de não estar presente, uma permanente indisposição, está é a chuva que sinto cair à minha volta. 

Nestas alturas não quero estar com ninguém, mas tenho necessidade de estar com toda a gente. Mas apenas a gente que eu adoro, e que acabo sempre por tratal mal. Não todos, apenas alguns. Tratei mal os meu pais, fui bruta, ríspida e rabugenta. 

No passado teria sido o suficiente para um par de estalos, hoje foi só criar-lhes uma preocupação. Sabem que ando cansada, sabem que ando com o peso do mundo em cima dos ombros e por isso desculparam-me. Mas eu não me desculpo. 

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Oh pra mim versão Bobone dos transportes públicos #2

Se tiver um carrinho de bebé, o bebé, a malinha do bebé e os dois irmãos do bebé se calhar é melhor esperar pelo próximo metro. E não entrar num em hora de ponta onde uma pessoa sem bebés e sem parafernália para bebés mal cabe. 

Não é por nada, mas as rodas do carrinho ainda aleijam na canela, e os guincho do seu mai velho a pedir bolacha maria dão-me vontade de lhe espetar uma bolacha na cara, assim como o choro do mais novo, assustado por só ver cabeças do tamanho do corpo dele.

 Olhe... Minha senhora... Está-me a ouvir? Enquanto procura as bolachas, segura no carrinho e embala o mais novo, a sua menina está a lamber o poste do metro. 


Irritações #2

Ouvir dizer que já trabalhei num jornal de esquerda ou de direita, que agora trabalho num jornal de esquerda ou de direita. 

Trabalho num jornal que faz jornalismo. Trabalhei num jornal que faz jornalismo. Tenho muito orgulho de poder ter esses dois nomes no CV, de ter aprendido com os melhores de Portugal. De poder vestir a camisola, de repetir e de dar a cara por projetos em que acredito. 

Não o faria se assim não o fosse. Tenho uma coluna vertebral, que herdei dos meus pais, chata como o rAio que antes de vergar parte. E depois de partir não cola mais. 

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Filha da p*t# da doença

A minha irmã está a ser operada agora, nada de grave, uma pedra no rim que não sai desde o verão. Mas, embora gravidade seja quase nula, sempre que ela entra num hospital, sempre que vai a um médico volta a sombra, volta a memória daquele dia, daquelas semanas e meses.

Lembro-me várias vezes, era quinta-feira, ligaram-lhe uma reunião, um caso urgente obrigava-a a ir para Viseu o mais cedo possível no dia a seguir. Tínhamos planos para o fim-de-semana que ficaram imediatamente defraudados, furiosa fez a mala. 

Fiquei, como em tantos outros fins-de-semana sozinha em casa, acho que dei um jantar na sexta, que o R dormiu comigo no sábado. Passou à velocidade de todos os fins-de-semana, quando abri os olhos já era domingo à noite e ela já estava de volta. 

Estava a fazer o jantar para as duas, pus um testo na panela e fomos para a sala. Com o que eu achei que era um sorriso, hoje sei que eram os músculos presos, uma cara que adotou durante algum tempo, diz-me: afinal não era nada uma reunião que eu tinha em Viseu.

Lembro-me que ri, à espera que afinal fosse uma coisa boa que lhe punha aquele "sorriso" no rosto. Não era. Não era bom. Não era um sorriso. Lembra-me do sinal que tinha ido tirar há uns tempos, apenas por ser feio. Eu lembrei-me.

Percebi imediatamente os músculos que ela tinha presos na cara. Os meus ficaram iguais. Era cancro, não havia dúvidas disso. Mas havia tantas outras, tantas perguntas, tantas inquietações. Ouvi-a, perguntei o mínimo. Ela respondeu o mínimo. Lembro-me de a ver pronunciar as sílabas do nome do cabrão como se as regorgitasse. Dizia-as com desprezo mas ao mesmo tempo com respeito. Uma idiossincrasia que os aquela puta daquela doença permite.

Decorei-as com nojo, como se mas tivessem tivem cravado na memória com um cinzel. A seguir jantei, só para manter a normalidade do que era anormal e abjeto. Deitamo-nos. Sozinha, no meu quarto, lembrei-me das sílabas. Escrevia-as no Google. Ainda não tinha chorado. Mas as imagens surgiram sem pudor, pernas estropiadas, marcas do tamanho de crateras, as letras repetiam-se criando cenários de horror. 

Era raro, mas se apanhado no início, e com mais uma série de tretas que fiz questão de esquecer, facilmente removível. Não dormi mais. A noite inteira acordada, com pensamentos idiotas que hoje me arrependo de ter tido. Previsões do imprevisível e um nó no estômago que teimava em não passar. Cigarros fumados com uma sensação de culpa, mas era a única coisa que me acalmava a mente. 

Vi o sol a nascer, os tons avermelhados incendiavam o céu, não chovia. Levantei-me arrastei-me até a casa de banho, ouvi a minha irmã a acordar. Fui cobarde, fechei-me no quarto para não ter que a fitar. Arrependi-me imediatamente e voltaram os pensamentos absurdos. Deitei-me na cama, a faculdade ficava para outro dia, naquela segunda-feira não iria sair de casa. 

Ligou-me o meu pai para saber como estava a minha irmã, para saber como eu estava. Na altura não lhe perguntei como ele estava. Só o ano passado mo disse quando estávamos um dia a caminho do hospital, já pela pedra no rim, e ele desabafa "é sempre à tua irmã". Contou-me como tinha sabido, como tinha ficado desesperado, sem poder dizer nada, sem querer dizer à minha mãe até ela poder estar com a minha irmã. 

Falamos o ano passado, há dois anos e falaremos agora. Falamos agora que o pesadelo acabou. Mas falamos sempre com medo de adormecer e que tudo volte. A doença é uma filha da puta, uma cabra faltam-me todos os insultos para chamar aquela que já me levou tanta gente. Nesta luta, fomos nós queganhámos, e a cada consulta de rotina a médica diz que é mais um passo, mais uma vitória. 

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Momento fútil do dia #1

Tenho gostos demasiado caros para o dinheiro que não ganho

1- too faced, better than sex - é só o melhor rímel que alguma vez tive (ok, não é melhor que sexo. Mas é muito bom). 

2 - verniz marc jacobs - só queria um de cada cor. Quer dizer, dispenso aqueles com purpurinas. É pedir muito? É que é óptimo. Better than sex? Também não, mas muito bom.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

R&B

R.I.C.A.R.D.O B.A.R.B.A.T.O 

Tirando a potencial falta de neurónios e a voz de favelado ...

ESTOU APAIXONADA 

sábado, 17 de janeiro de 2015

O dia da amizade

Os sábados à noite são normalmente noites de jantares com amigos, noites de idas ao teatro com amigos, noites de saídas com amigos, mas há uns que não são nada disso. São apenas noites de amigos. Hoje é um desses sábados. Dos sábados que eu adoro. 

Lá fora a chuva ouve-se violenta a bater no chão e no telhado. Cá dentro canta o Rui Veloso, e nós vamos acompanhando quando levantamos a cabeça dos livros. Fazemos pausas para partilhar vídeos  , as gargalhadas são interrompidas pelo vento que tenta entrar pela janela. 

Às vezes pomos os phones, quando precisamos de mais concentração, e ficamos sozinhos no meio uns dos outros. Hoje é sábado, o meu dia preferido da semana. Hoje não fui sair. Hoje é sábado, e comecei, finalmente, a escrever a tese. Hoje é sábado e estou na melhor companhia possível. 

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Dead f*ck#ng Combo

Obrigada dead Combo por estarem a ser mágicos para mim. Por mais desconcentrada que esteja basta por os phones e começo imediatamente a escrever, sem interrupções. Belas prosas, belas notícias.

Só ainda não resulta para a tese que tenho escrever, eu disse magia não disse milagre. Mas, verdade seja dita, ainda nem tentei. 

Adeus. Vou por os phones que o mundo não para como eu.

Recuperar os pertences

Empreendedores deste país há um nicho de negócio onde podem investir, eu dou a ideia e nem preciso de royalties, nem nada.

Criem uma empresa que permita despachar encomendas depois de uma relação estar terminada. É que a quantidade de tralhas que uma pessoa consegue deixar na casa da outra atinge níveis astronômicos. E para devolver o drama do costume: 

. Mas eu não quero estar com ele.
. Devo convida-lo para um café? 
. Se calhar peço-lhe para mo levar ao trabalho, e assim nem o tenho que ver.
. Eu aguento sem a camisola. O relógio é que lixa tudo.
. Vou pedir que dê a uma amiga.

E depois é sempre isto, o mesmo dilema. Encontros desconfortáveis para trocas de caixotes. Os slogans já me estão a vir à cabeça, nessa parte ajudo com prazer - mais uma vez pro bono. Devo avisar previamente que envolve a repetição da palavra pacote. 

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Oh pra mim versão Bobone dos transportes públicos #1

Se ultrapassar um passageiro para lhe roubar o lugar, ao menos ande rápido para o passageiro ultrapassado conseguir apanhar ainda um lugar vago, e não ficar atrás de si enquanto pisa ovos e arruma sacos e saquinhos para só depois se sentar.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Amizades

No domingo mandei uma mensagem a uma amiga a dizer "vou-te dizer uma coisa, mas vamos fingir que eu não te disse essa coisa. Eu vou escrever, tu vais ler. Mas eu nunca disse isso." Escusado será dizer que a mensagem dizia qualquer coisa como "tenho sentido falta do R". 

Ela leu -leu, que eu vi os tracinhos do whatsapp a ficarem azuis - e respondeu. Não me obedeceu, obrigou-me a falar. Fez-me as perguntas, ajudou-me a engavetar as ideias. E a meio do diálogo houve qualquer coisa como esta:



Não podia estar mais certa que ela estaria lá. Tem estado sempre. Felizmente apercebi-me sozinha que seria um erro, de tal forma grande que estaria nos próximos cinco anos - um média pelo tempo que demorou a última vez - a apanhar os cacos. 

No meio da conversa perguntei como seria se a pergunta fosse ao contrário? Claro, que esta questão não se põe com ela. Namora há mil anos com o K e são um casal tão perfeito nas suas imperfeições que é difícil imagina-los com pessoas diferentes. Mas e se fosse outra amiga? Não tenho dúvidas que estaria lá para ela, mas também não tenho dúvidas que a minha reação imediata seria:



Será que acabei de fazer uma resolução de ano novo? "Diminuir a frontalidade e ligar o botão que me faz ter um filtro." Sem dúvida. 

domingo, 4 de janeiro de 2015

Balanços (amorosos) de quatro dias de 2015

Foi no sábado, eu ja estava enrolada na manta a escolhr o filme para ver. Ligaste-me, estavas a sair do jornal ainda não tinhas jantado e querias companhia. A medo aceitei o convite. "Vou só a casa pousar o computador buscar o carro e apanho-te". Este tempo, este tempo desta viagem que fizeste, que não durou mais de 30minutos deu-me para pensar em tudo. Mas principalmente para perguntar "o que é que estou a fazer?"

Fiquei, instantaneamente, com algum medo. Não medo de ti, de mim. Não posso fingir que não há química entre nós, não posso fingir que te acho... Nem sei bem o que te acho. Mas também não posso fingir, como faço todos os dias, que não flirtamos naquela noite, já embalados pelo álcool,forçosamente  juntos num taxi vazio. 

Nunca se passou nada, nunca se vai passar nada. Fingimos os dois que não estamos interessados, que somos só dois colegas que se dão bem, vamos fingindo porque é a única maneira de nos permitirmos estar juntos. 

O ano tem 4 dias e já começou cheio de incertezas, eu e o D não dá mais. Para bem da nossa amizade, acabou como tinha que acabar: em bem, sem rupturas. A memória do R tem-me acordado todos os dias, e a confusão começa no ponto de partida.

Ao quarto dia do ano o balanço é: confusão e incerteza.

O café correu bem, tu jantaste, eu acompanhei-te numa garrafa de vinho. Falamos de trabalho, de amigos, de inimigos, política, economia, desporto. Não falamos de nós. Não poderíamos falar de uma coisa que fingimos não existir. E que não pode nunca existir.