segunda-feira, 30 de março de 2015

Era só isto.

Oh pra mim versão Bobone dos transportes públicos #3

Cara senhora, se entrar no autocarro de mal com a vida, a culpa não é dos restantes passageiros.
Cara senhora, se entrar no autocarro a culpa não é dos automobilistas. E não, não estão de carro porque "são uns ricos mimados que não sabem o que custa a vida.
Cara senhora, se entrar no autocarro de mal com a vida evite praguejar é que há crianças e outros adultos que não têm que ser sujeitos ao chorrilho de asneiras que insiste em gritar.
Cara senhora, a culpa de estar mal com a vida não é "da juventude". Não, nem todos somos "uns preguiçosos" e não fique irritada por não sabermos o "que é passar fome".
Cara senhora, se entrar no autocarro de mal com a vida controle-se. Eu hoje também o fiz, e não a mandei para um sítio feio.

Verão 2015 estou a caminho #4

Homens que têm pânico do momento em que as mulheres pegam nas pinças e caminham com elas em riste na vossa direção sintam-se vingados. Há pinças que fazem as mulheres tremer de medo, que nos fazem atirar para o chão e arrancar cabelos. A sério, não é exagero, fui hoje vítima delas, desse flagelo e ainda não recuperei bem do choque. Vi o PT do ginásio, que nem Eduardo Mãos-de-Tesoura na minha direção com aquelas pinças malditas para me medir a massa gorda.

Ele foi nos braços, foi nas pernas, foi em todas as pregas do meu corpo, não houve uma única banha que não tivesse sido medida. Primeiro pegou nelas, depois apontou os valores e no final mostra o total de forma cruel, sem qualquer sentido de humanidade por mim e pelas minhas banhas que custaram a criar. Ainda foram alguns anos a criá-las e afeiçoei-me a elas, mesmo agora que uma pessoa acha que já está melhor, que já perdeu alguns quilos, as pinças são o choque de realidade com que nenhuma mulher se quer deparar. Depois de ver o número, ali nu, tão acima dos valores normais passamos logo a detestar as nossas banhinha que viveram momentos tão importantes da nossa vida connosco. 

Enfim, um sádico. E ainda pior que o Eduardo, esse cortava-nos logo o mal pela raiz (piada fácil) e sempre é o johny dep o que faz com que uma mulher diga "oh senhor Eduardo esventre-me se quiser, tudo o que o senhor quiser". Mas não, ali é só o PT-mãos-de-pinça que no final de nos fazer sofrer ainda diz que vamos ter que sofrer muito até nos vermos livres das nossas companheiras de vida.


sexta-feira, 27 de março de 2015

A Avenida da Liberdade encheu-se de mimos

Já alguma vez vos disse o quanto gosto de jantares de amigos? Do ritual da mesa posta, bem posta, os pormenores todos pensados. Um a um vão chegando, sentando-se em torno da mesa partilhando histórias. Já alguma vez disse como gosto de jantares de amigos? Os risos, o barulho dos talheres, os avisos, as conversas telepáticas mesmo no meio da multidão. 

As conversas que se vão sobrepondo, os temas que vão surgindo e alternando entre o mais fútil e o mais atual. Já alguma vez vos disse como gosto de jantares de amigos? No final às vezes levantamo-nos da mesa, uns para fumar outros para esticar as pernas. Ontem levantamo-nos todos para jogar mímica e só nos voltamos a sentar às 6:00 da manhã para dormir.


Antidepressivos #2

Espelho meu, espelho meu

"Estou preocupada contigo. Andas a falar muito dele outra vez. Estão juntos? Estás a pensar estar com ele? O que é se passa? Quando andas assim a contar histórias, a lembrar-te do passado, a usá-lo como exemplo nunca é bom sinal."

Foi assim que uma amiga minha começou a intervenção esta semana. As respostas às perguntas dela foram todas negativas e seguidas de um "estás parva? Eu aprendi a lição". Mas depois, depois há as perguntas que ela não fez, e que eu evito fazer a mim própria. Não as faço porque não sei a resposta, ou então porque sei e não a quero assumir. 

quinta-feira, 26 de março de 2015

Verão 2015 estou a caminho #3

Então? Achavam que já tinha desistido? Que me tinha enfiado num qualquer restaurante lisboeta para de lá nunca mais sair? Pois estão enganadinhos da Silva, tem corrido bem com uma dieta regrada e exercício físico regular.

Podem rir-se, sim podem rir-se. "Dieta regrada e exercício físico regular" são coisas que sempre achei apenas próprias de marcianos ou de pessoas pouco felizes. Mas eu tenho conseguido. Vá, com alguma batota é claro. Os fins de semana são o armagedão, ele é vinho, ele é batatas, ele é fritos, queijos e patés. Mas é então? É o que me dá força para contínuar a semana. 

O exercício físico, embora regular, também tem sido um bocado aldrabado algumas corridas que mais se podem chamar caminhadas. Mas não interessa, o que custa é começar e sair de casa e eu não me chamo AM se até ao final do ano não estiver a correr que nem Rosa Mota coxa. 

Isto anda de tal ordem que acabei de gastar 30€ no Celeiro. Se estou louca? Sim estou, claramente que estou. Mas isto da idade é uma coisa muito chata, e se há uns anos com o que ando a fazer já teria perdido uns 10 kg em pleno 2015 só lá vão, muito custosos 4kg. O ataque teve portanto que ser mais eficaz. 


Carvão que dizem que elimina as gorduras dos alimentos assim de forma muito rápida.
Centelha asiática, pelos vistos nada é melhor para combater a celulite. Se bem que eu acho que para a quantidade de celulite que eu tenho, mais valia uma plantação dessa coisinha do outro continente.
CLA porque ajuda a emagrecer de forma mais rápida e ainda tem um papel ativo na transformação da gordura em massa muscular.
Aloé Vera é mesmo só para as alergias, que eu já nao abro os olhos nem sei o que é respirar e a primavera ainda nem chegou em grande força.

Se isto tudo faz efetivamente alguma coisa? Não sei, mas estamos em guerra e portanto não há soldados na reserva. 

domingo, 22 de março de 2015

Enfant terrible

Há qualquer coisa de adolescente em mim. Às vezes sinto que sou a mesma menina que sai de casa a querer fazer uma tatuagem, rastas e a furar o corpo em sítios vários. Não que gostasse assim tanto, mas melhor que tudo:os meus pais odiavam. Às vezes sinto que tenho que continuar a fazê-lo, sair de casa com a ideia de tomar uma decisão apenas porque os pais não gostam. 

Fui uma aluna media, arranjei estágios, nunca me desviei do caminho. Mas quero ser rebelde, dona de mim e intransigente. Quero ter uma fama, mas não lhe tenho o proveito... Ser dissidente, reacionária, acreditar no contrário e professar a teoria do falhar. Mas não, estou aqui sentada a escrever uma tese que provavelmente vou entregar dentro dos prazos e na qual vou ter boa nota.

Como é possível ser rebelde desta forma? Da mesma forma que o foi romeo e Julieta, da mesma forma que o foi Hamlet para a mãe Gertrude. Tudo com menos amor e paixão, mas as minhas escolhas masculinas são sempre aquelas que os meus pais mais odiariam. E às vezes é como as rastas "eu nem gostava assim tanto delas". Ao contrário das rastas que exibi em sinal de despeito aos meus pais, os rapazes escondo-os dentro da algibeira com um sorriso e uma sensação de dever cumprido que só a mim me permito. 

Twinkle twinkle little star

E se as estrelas que estão no céu forem mesmo aqueles que partiram a olhar por nós? A caminho de Lisboa o céu está estrelado como há muito não está, sem poluição visual, sem exagero de luzes consigo contá-las: uma, duas, e aquela que brilha tanto, quatro. Conto-as enquanto vou distraída nos meus pensamentos, olho para elas quase como sem dar conta. Uma, e aquele emprego que não aparece, duas, tenho que escrever um capítulo da tese até ao final do mês, três, amanhã não me posso esquecer de passar na farmácia, quatro e aquele dia em que conheci o meu primo. Porque me lembrei agora dele? Neste momento,no banco de trás de uma carro, num fim de domingo a caminho de Lisboa. Cinco e os meus avós e falta que me fazem. Mas eu só queria contar estrelas, ia a contá-las: uma, duas três. E derrapante começo a contar pessoas, porquê? Brilham tanto neste momento, brilham tanto e fitam-me o olhar. É aquela ali tão brilhante que me faz esquecer os problemas, e a outra ao lado dela que me desafia. 

E se as estrelas forem aqueles que me morreram? Gosto de pensar que sim, que estão ali os meus avós, os meus tios, o meu primo. Todos. Ali a verem-me, a iluminarem-me o caminho. Ali, perto de mim. Basta abrir os olhos e vejo-os, parece que se esticar o braço lhes posso tocar. Mas não o vou fazer, vou deixar o braço a emoldurar-me o corpo, quero manter esta doce ilusão, se o esticar vejo que não chego lá, se esticar voltam a ser só estrelas. Ali, longe a muitos anos luz, coladas numa galáxia. Mas não, não são, são os meus. Ali, ali tao perto, tão perto que se esticasse o braço sentia-me capaz de lhes tocar. Uma, duas, e aquela que brilha tanto, três...

sábado, 7 de março de 2015

Os meus 22 de Público que faz 25

O Público fez 25 anos esta semana, o diário que faz parte da minha vida há 22. É muito graças a ele que hoje sou assim, não digo que é graças a ele que tenho esta profissão. É mais do que isso, porque ser-se jornalista é mais do que se ter uma profissão. É Ser-se jornalista a todas as horas do dia, sempre e o Público contribuiu para que hoje eu leia, veja e consuma notícias a toda a hora, para que ande na rua de olhos abertos a ver tudo como uma possível história.

Leio o Público antes de ter aprendido a ler, antes de saber que com 23 letras se pode mudar a vida de alguém é saber histórias do resto do mundo. Quando era o meu pai a preparar-me para me deixar no infantário passávamos sempre antes no Infante para o meu pai tomar café. Comprava-me um pastel de nata que eu comia com a colher com que ele mexia o café, depois punha o Público em cima da mesa. Via-lhe a capa, via o meu pai a mudar as páginas cheias de palvras, de imagens e esperava o momento em que ia aparecer o Calvin&Hobbes. Hoje o Calvin está no Correio da Manhã, hoje eu já sei o que querem dizer as palavras e já as escrevo. 

De vez em quando perguntava o que queria dizer aquele título, ou que se via naquela imagem, na altura ainda a preto e branco. O meu pai lia alto, explicava-me o que queriam dizer as coisas e porque se falava nelas naquele momento. Era o despertar da minha consciência social, da minha consciência jornalística ali no Infante, com o meu pai e com o Público. 

Na altura era o Zé Manel Fernandes que ditava a organização daquele jornal, hoje o Zé Manel Fernandes está no Observador e eu estou á escrever uma tese sobre o jornalismo. O Público tem 25 anos, eu tenho 22 sou do tempo do Público em papel preto e branco, sou do tempo das longas páginas de ciência, da economia escrita pela Christiana Martins, que hoje está no Expresso. E hoje vejo a maior parte das vezes o Público no tablet ou no computador. Continuo a comprar o papel para lhe sentir o cheiro que se confunde com o cheiro do meu café, afasto as migalhas do meu pastel de nata, que já como sem colher. Fecho-o, ponho-o debaixo do braço e vou escrever esperando ser tão boa como aqueles que ali leio há 22 anos.

segunda-feira, 2 de março de 2015

Obrigada Google

As coisa que eu descubro na internet três anos depois (é o que dá ter tempo livre). Este blog que lêm neste momento ficou em décimo segundo nas votações do Aventar. Lembram-se? Apareci lá inscrita, sem saber quem me inscreveu. Olhem aqui: 


Sim, a categoria é Atualidade politica. Sim, este blog já falou de atualidade e de política. Sim, este blog está a tornar-se fútil e uma seca. Desculpem. Prometo voltar ao Passos, ao Portas e ao Costa. 

Mas afinal quem são esses sádicos que te fazem viver

São sádicos, são-no tanto quanto eu sou. São sádicos, são os meus sádicos. Entraram na minha vida  há cinco anos e fizemos juras de amor eterno. Ainda não nos cansamos uns dos outros, partilhamos costelas.

Ninguém pediu a ninguém, ninguém disse como ia ser, mas aqueles dois miúdos são como eu. São irmãos perdidos que encontrei e o sangue é mais espesso que a água. Somos iguais, até nas diferenças somos iguais. 

Éramos muitos no início,mas eles os dois sempre foram mais sádicos. Hoje estamos juntos em momentos mais ou menos sádicos do dia, da hora e do minuto. Porque nem podia ser de outra forma, eles têm estado sempre lá eu quero estar sempre lá para eles.

Na faculdade fazem-se amigos para a vida? Não, na vida fazem-se amigos na faculdade. Depois há aqueles que se tornam a nossa vida. 


Momento fútil do dia #2

Ponho as extensões de pestanas neste ou no próximo mês?

 É este tipo de duvidas que assolam a mulher moderna, enquanto pensa se faz já as notas de rodapé ou se espera pelo final para o fazer.

Oh p'ra eles tan lindos a fazer pandan

Verão 2015 estou a caminho #2

Nunca me custou começar uma dieta, os primeiros dias eram sempre os mais fáceis cheia de motivação e ilusões. Mas nessa altura as preocupações não me faziam atacar o frigorífico, os nervos não se acalmavam com açúcar e o stress não precisava de fritos e salgados. 

Hoje comecei a dieta. Hoje parecia um drogado sem cocaína.

Pequeno almoço e almoço : tudo ok. Ainda tinha no corpo resquícios da dose do dia anterior. 

Lanche: os nervos, os suores frios e os tremores. Vai um rafaello, uma tosta de queijo e um belo copo de Ice Tea é uma laranja para, de novo, atingir o Nirvana.

Jantar: vá lá, também não sou uma fraca. Voltámos ao peixinho cozido e aos grelos salteados. 

Amanhã será um melhor dia. Para no verão os dias serem todos bons.

MP eu juro que vou conseguir 🙏

Voltar à estaca zero

Falta a posição para se estar no sofá, na cozinha não se pode arrumar mais nada, em caso de desespero chega a desarrumar-se só para se ter qualquer coisa para fazer. Roupa passada, cama feita se calhar ainda se faz um bolo antes do jantar. O jornal às11h já está lido, pode ser que esteja a dar um bom filme na televisão. Há um amigo que liga sempre se ocupa um bocado de tempo. E o raio do sofá que já deixou de ser confortável outra vez. Sai-se de casa para tomar café, mesmo sozinha o tempo sempre passa, lê-se mais um livro e volta -se para o sofá. Uma boa altura para se rever o CV, mas o que faltará? Uma almofada no sofá, sem dúvida uma almofada no sofá.

domingo, 1 de março de 2015

Pensamento da semana




Viagem parada

Viseu consome-me a inspiração, enche-me a alma, mas deixa-me vazia. Sem nada para dizer,como se a imensidão da paisagem não precisasse de adjetivos, as caras conhecidas me bastassem para ser feliz. Porque a escrita é isso mesmo, uma muleta que me ajuda a ser feliz.

Mas hoje, hoje a cidade não me basta, preciso da minha muleta porque me tiraram o andarilho. Deitei-me cedo sem saber bem porquê, e amanhã vou acordar sem saber para fazer o quê. E estes gestos vazios vão repetir-se até ao final da semana. Depois irá começar uma nova com promessas de mudança e assim sucessivamente. 

Vou acordar e deitar-me porque tem de ser. Até ao dia em que vou ter o andarilho de volta que me vai permitir andar de olhos fechados, de sorriso no rosto e sem medo de cair. São só semanas más, dias maus,horas más até ao minuto em que tudo vai mudar. 

Goodbyes are a Bitch

É sempre horrível dizermos adeus a uma parte da nossa vida, principalmente às coisas que gostamos, que nos fazem felizes. Já me tinha acontecido, já lhe conhecia a dor. Chegou o dia que andava a adiar, e foi como tortura chinesa, se é que os chineses são assim tão bons a torturar, eu acho que já está na altura de melhorarmos a expressão. Sim, é isso, custou tanto como ser torturada pelo Estado Islâmico. 


Já tinha pensado no momento em casa, ia dizer um "adeus até à próxima" recorrer a frases feitas, combinar jantares e acabava ali o sofrimento. Em menos de 10 minutos estava feito. Mas depois chegaram os colegas, que já são amigos. Depois estava sol e fomos fazer um almoço de meninas. Depois chegou uma coisa que me deu muito prazer escrever e foi logo para o top.

E depois o momento, as lágrimas a quererem sair-nos dos olhos, os abraços apertados e os conselhos para o futuro. E o meu plano de 10minutos a ir por água a baixo. 


Fui me embora a correr para não chorar ali. Fui-me embora a correr e a chorar até chegar a casa. Depois? Depois passou. Tenho muito a agradecer, muito a recordar e a certeza que não é um adeus, é um até já.