sábado, 7 de março de 2015

Os meus 22 de Público que faz 25

O Público fez 25 anos esta semana, o diário que faz parte da minha vida há 22. É muito graças a ele que hoje sou assim, não digo que é graças a ele que tenho esta profissão. É mais do que isso, porque ser-se jornalista é mais do que se ter uma profissão. É Ser-se jornalista a todas as horas do dia, sempre e o Público contribuiu para que hoje eu leia, veja e consuma notícias a toda a hora, para que ande na rua de olhos abertos a ver tudo como uma possível história.

Leio o Público antes de ter aprendido a ler, antes de saber que com 23 letras se pode mudar a vida de alguém é saber histórias do resto do mundo. Quando era o meu pai a preparar-me para me deixar no infantário passávamos sempre antes no Infante para o meu pai tomar café. Comprava-me um pastel de nata que eu comia com a colher com que ele mexia o café, depois punha o Público em cima da mesa. Via-lhe a capa, via o meu pai a mudar as páginas cheias de palvras, de imagens e esperava o momento em que ia aparecer o Calvin&Hobbes. Hoje o Calvin está no Correio da Manhã, hoje eu já sei o que querem dizer as palavras e já as escrevo. 

De vez em quando perguntava o que queria dizer aquele título, ou que se via naquela imagem, na altura ainda a preto e branco. O meu pai lia alto, explicava-me o que queriam dizer as coisas e porque se falava nelas naquele momento. Era o despertar da minha consciência social, da minha consciência jornalística ali no Infante, com o meu pai e com o Público. 

Na altura era o Zé Manel Fernandes que ditava a organização daquele jornal, hoje o Zé Manel Fernandes está no Observador e eu estou á escrever uma tese sobre o jornalismo. O Público tem 25 anos, eu tenho 22 sou do tempo do Público em papel preto e branco, sou do tempo das longas páginas de ciência, da economia escrita pela Christiana Martins, que hoje está no Expresso. E hoje vejo a maior parte das vezes o Público no tablet ou no computador. Continuo a comprar o papel para lhe sentir o cheiro que se confunde com o cheiro do meu café, afasto as migalhas do meu pastel de nata, que já como sem colher. Fecho-o, ponho-o debaixo do braço e vou escrever esperando ser tão boa como aqueles que ali leio há 22 anos.

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