domingo, 22 de março de 2015

Twinkle twinkle little star

E se as estrelas que estão no céu forem mesmo aqueles que partiram a olhar por nós? A caminho de Lisboa o céu está estrelado como há muito não está, sem poluição visual, sem exagero de luzes consigo contá-las: uma, duas, e aquela que brilha tanto, quatro. Conto-as enquanto vou distraída nos meus pensamentos, olho para elas quase como sem dar conta. Uma, e aquele emprego que não aparece, duas, tenho que escrever um capítulo da tese até ao final do mês, três, amanhã não me posso esquecer de passar na farmácia, quatro e aquele dia em que conheci o meu primo. Porque me lembrei agora dele? Neste momento,no banco de trás de uma carro, num fim de domingo a caminho de Lisboa. Cinco e os meus avós e falta que me fazem. Mas eu só queria contar estrelas, ia a contá-las: uma, duas três. E derrapante começo a contar pessoas, porquê? Brilham tanto neste momento, brilham tanto e fitam-me o olhar. É aquela ali tão brilhante que me faz esquecer os problemas, e a outra ao lado dela que me desafia. 

E se as estrelas forem aqueles que me morreram? Gosto de pensar que sim, que estão ali os meus avós, os meus tios, o meu primo. Todos. Ali a verem-me, a iluminarem-me o caminho. Ali, perto de mim. Basta abrir os olhos e vejo-os, parece que se esticar o braço lhes posso tocar. Mas não o vou fazer, vou deixar o braço a emoldurar-me o corpo, quero manter esta doce ilusão, se o esticar vejo que não chego lá, se esticar voltam a ser só estrelas. Ali, longe a muitos anos luz, coladas numa galáxia. Mas não, não são, são os meus. Ali, ali tao perto, tão perto que se esticasse o braço sentia-me capaz de lhes tocar. Uma, duas, e aquela que brilha tanto, três...

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