terça-feira, 12 de maio de 2015

Insónias no coma

São horas, isso consigo eu ver. É a única coisa que consigo ver, uma vida movida por um relógio, não por compromissos não pela vida, por um relógio. Por dois ponteiros que indicam que não posso dormir mais, embora continue a fazê-lo, embora o esteja a fazer há 4 meses tenho que convencer -quem não sei- de que não o estou a fazer. Era de manhã e o despertador tocou, e eu tive que me levantar. Levantei-me porque o relógio assim mandou, a sensação era de que tinha acabado de me deitar. Parecia que apenas cinco minutos tinham passado desde que tinha visto as horas, "meia-noite", o relógio mandava-me ir para a cama. Dormir, ou pelo menos deixar de fingir que estava acordada. À uma as imagens da televisão já se confundiam com o sonho, às três fingia que dormia quando estava acordada, às quatro tentar trocar as voltas ao sono: pés para a cabeça, cabeça para os pés. Já não tenho certezas de nada, quando finjo que durmo mandam-me acordar. Acordada estou a dormir. Habituei-me a viver numa apatia, a fingir que não sou eu, a fingir que sou. Durmo acordada, já não sei sonhar a dormir. 

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