terça-feira, 29 de setembro de 2015

Dois anos depois os mails são só meus

Sabes uma coisa? Não te consigo esquecer. Imagino que te estejas a rir, a pensar em mim a quebrar o meu coração de pedra e logo por ti. Agora que olho para trás, mais crescida e com a vantagem do tempo que passou percebo que podíamos ter sido felizes, que ainda o podíamos ser. 

Lembras-te de te ter contado que quando a minha família ia fazer ski eu ficava com os meus avós? Que os meus pais achavam que era pequenina demais para apreciar aquela viagem e grande o suficiente para ficar feliz por ter uma semana só de mimo. Contaste-me a seguir que não te lembravas da primeira vez que foste a NY exatamente por seres pequeno, que foi a vez que a tua mãe menos aproveitou a viagem. É assim que me sinto agora talvez fosse pequena demais para apreciar a viagem que fizemos juntos. Os três meses mais alucinantes da minha vida. 

Disse-te que não podíamos continuar, que me andava a enganar a mim e a ti. Quando te encontrei mais tarde voltei a enganar-te sorria quando tudo o que queria era uma abraço teu. Daqueles que só tu me sabias dar. Estás aí agora do outro lado do Mar e eu só quero um abraço teu. És única certeza que posso ter, é que um abraço teu ia resolver tantos dos meus problemas.

Há dois anos estávamos a cruzar-nos pela primeira vez, começavam os nossos três loucos meses. Lembrei me disso hoje, eu que nunca me lembro de datas, acordei com a certeza que era uma data especial. Abri o computador para te enviar este Mail. Já esteve maior, apaguei dois parágrafos, achei que não merecias que te obrigasse a lê-los. Tu que foste para aí para mudar de vida, que estás tão feliz, que tens a vida a dar-te o que mereceres, não precisas de mim a dizer o que não devo.

Acabei por não te enviar o Mail, foi respeito por ti e falta de coragem. Foi o adensar do sentimento de culpa que tenho, culpa por te ter dito que não ias entrar em 2014 comigo ao lado, culpa por não te ter pedido para ficares em Portugal pelo menos até 2016. Meu amor, chamo-te assim agora com a certeza de que o és, desculpa. Hoje faríamos 2 anos se eu não tivesse sido demasiado nova

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

High on life

Sobe-se a encosta, às vezes de lado para passar um carro, para escapar das chamas do churrasco ou para escondermos as pernas despidas de um muçulmano. A meio do caminho começamos a arfar, os pulmões vão acusando os cigarros, as pernas a falta de exercício, a cabeça vai vazia. Por ruas e ruelas pelo choque das culturas, pela mistura do tradicional com o moderno, pela confusão entre o antigo e o abandonado com o novo e o recuperado. 

Quando estamos quase a suplicar a uma força superior para nos levar viramos à direita e chega-se. Chega-se lá. Là em baixo a cidade que ficou para trás cheia de história, de confusão mas também com o trabalho e os problemas. Cá em cima só a paz. É só paz que se sente.

10 metros chega-se lá. Lá, o sítio onde a minha vida entra em pausa, onde respiro de pulmões livres e coração limpo de problemas. É lá, com pouca gente, gente que não faz perguntas e que não quer saber. É lá que há a minha vista preferida da cidade, lá é o sítio onde vou ressuscitar quando estou a morrer, é lá que a vista me enche a alma. 

Lá em cima, fico high, high on life. É das coisas mais pirosas que disse, mas das mais verdadeiras também.

Verdades absolutas