domingo, 15 de maio de 2016

Evoluções

Havia uma altura em que não interessava saber os apelidos uns dos outros, em que o mais importante era o que levava a bola para o intervalo. Havia uma altura em que as nossas profissões não nos definiam, não havia profissões, havia sonhos e brincadeiras. O mais forte não era o que estava na maior empresa, ou o mais empreendedor. O mais forte era o que conseguia saltar a rampa sem fechar os olhos e contar até três. Desemprego era uma palavra dos livros da escola, de uma coisa que havia nas sociedades, só sabíamos estar ocupados. Um tempo livre nunca o era, era uma oportunidade de ocupar o tempo com o que a nossa imaginação mandava. O único horário que tínhamos era chegar a casa antes dos pais e para isso não era preciso relógio nem toque de saída. Custava acordar com o despertador tanto quanto custa agora, mas a seguir ao pequeno almoço tudo era novo, tudo podia acontecer. Dependia dos sonhos que tinham acontecido depois do beijinho da mãe em cada olho fechado. Não os podíamos abrir mais depois do beijinho, sob pena de ele voar e a mãe não voltar para dar um novo. Os sonhos voavam e voavam e hoje ainda sentimos o quentinho dos beijinhos da mãe, do cheiro do creme perto da cara, do pijama lavado e dos lençóis esticados. Hoje já nada é assim, apenas os beijinhos da mãe se mantém tão quentes.

segunda-feira, 9 de maio de 2016

E se fosse consigo?

Hoje a Conceição Lino não me ensinou nada que eu já não soubesse. Mas hoje a Conceiçao Lino fez com que tivesse um dos melhores momentos de sempre. 

terça-feira, 3 de maio de 2016

Obrigada

 Deste-me uma barbie. Eu devia ter para aí seis ou sete anos, não sabia bem quem eras. Eras alguém que namorava com a minha prima, que tinha vindo aos meus anos e que me tinha dado uma barbie. Porreiro. Tinhas um carro fixe e deste qualquer coisa ao meu irmão que não o calou, não percebia bem para que tanta algazarra se eu é que tinha ali uma barbie mesmo mesmo gira. Abri aquilo para mim era só uma caixa de cartão que protegia o rico tesouro que era uma Barbie nova ainda com os sapatos por perder e o cabelo sem riças. Conseguiste em menos de dois segundos deixar de ligar a barbie que passou a ser só um bocado de plástico, e ver naquela caixa de cartão uma caixa de pandora que se transformava em tudo quando queríamos e sonhávamos.

Eras assim, quem tinha sonhos tornava-os realidade com a tua ajuda. Brincávamos com os teus olhos grandes e as tuas orelhas ligeiramente saídas, só podiam ser assim os olhos de quem via mais que os outros e as orelhas de quem tinha a capacidade de ouvir o mundo. Hoje voltei a ler o teu nome escrito pelas mãos de alguém faz do empreendedorismo vida. É tão bom sempre, sempre tão bom. Nunca o li, ouvi e disse que não fosse dito por alguém que se põe em bicos só por se lembrar de ti, mesmo que tu enorme tivesses o dom de tornar toda a gente gigante. 

Obrigada. Obrigada. Obrigada para sempre. Sempre obrigada